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Carla Araújo

REPORTAGEM

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Ex-ministro, general Etchegoyen diz ser indefensável decisão sobre Pazuello

Do UOL, em Brasília

04/06/2021 10h02

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O ex-ministro e general da reserva, general Sérgio Etchegoyen, criticou a decisão do Exército de não punir o general Eduardo Pazuello pela participação de um ato com o presidente Jair Bolsonaro.

Com cautela para não criticar diretamente a decisão que foi do Comandante do Exército, general Paulo Sérgio, Etchegoyen afirmou que vê a atitude como "indefensável".

"Por toda a minha carreira procurei ser disciplinado e exerci, quando me tocou, a necessária ação disciplinadora. Exatamente porque sigo teimosamente acreditando nos princípios sagrados da Hierarquia e da Disciplina, sinto-me impedido de criticar qualquer ato do Comandante do Exército", afirmou à coluna.

"Por outro lado, jamais agredirei minhas convicções para defender o indefensável", completou Etchegoyen.

O general foi ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) durante o governo do presidente Michel Temer e comandou a Abin (Agência Brasileira de Inteligência) durante esse período.

Outro ex-ministro, o também general Carlos Alberto dos Santos Cruz também criticou a decisão e, nas redes sociais, afirmou que "não se pode aceitar a subversão da ordem, da hierarquia e da disciplina no Exército". "Péssimo exemplo para todos. Péssimo para o Brasil".

Reação interna

Generais da ativa ouvidos pela coluna, que optaram pelo anonimato justamente não criticar uma decisão do comandante, afirmaram que a decisão trouxe incômodo dentro da caserna.

Um integrante da cúpula militar disse que a decisão de Paulo Sérgio traz um desgaste imenso para as Forças e afirmou que o Exército já se vê diante de pressão em outro caso: o do sargento Juan Pereira de Freitas Rocha, que participou de uma live do ex-líder do governo, Major Vitor Hugo.

"Como fazer agora, se não puniu o general. Vai punir o sargento? O certo era punir os dois. O precedente é perigoso demais", disse um general.

Segundo relatos, o Comandante Paulo Sérgio, a quem cabia exclusivamente a decisão sobre a punição, explicou ao Alto Comando do Exército em reunião na última quarta-feira sua posição. E não houve consenso.

Justamente por isso, destaca um general, a nota divulgada pelo Exército em nenhum momento usou a palavra "comando". "Foi uma decisão do Paulo Sérgio e ele terá que arcar com ela", disse um militar de alta patente.

Antes da reunião com a cúpula da Força, Paulo Sergio teve um encontro com o presidente Jair Bolsonaro no Amazonas. Bolsonaro defendeu pessoalmente que Pazuello não devia ser punido. Dias depois, para reforçar o seu apoio ao ex-ministro da Saúde, Bolsonaro nomeou Pazuello para um cargo de confiança no Palácio do Planalto.

Uma fonte próxima ao Comandante afirmou que Paulo Sérgio esclareceu o Alto Comando sobre a decisão tomada e "houve o entendimento da dificuldade que ela acarretava". "Não havia solução simples para aquele problema complexo", afirmou.