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Carla Araújo

REPORTAGEM

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Secretário dos EUA pede apoio do Brasil em resolução da ONU sobre Rússia

O ministro das Relações Exteriores, Carlos França, e o presidente Jair Bolsonaro - Alan Santos/PR
O ministro das Relações Exteriores, Carlos França, e o presidente Jair Bolsonaro Imagem: Alan Santos/PR

e Jamil Chade

25/02/2022 13h18Atualizada em 25/02/2022 14h56

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O ministro de Relações Exteriores, Carlos França, conversou nesta sexta-feira (25) por telefone com o secretário de estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, sobre a crise entre Rússia e Ucrânia.

Segundo apurou a coluna, na conversa, França e Blinken trataram sobre a resolução da ONU que será colocada em votação no Conselho de Segurança. O secretário norte-americano pediu apoio à resolução americana. O Brasil tinha resistência em relação a alguns pontos do texto, mas acabou concordando que é preciso condenar a ação da Rússia.

Oficialmente, o Itamaraty afirmou que os dois "debateram a grave crise de segurança na Ucrânia e o tratamento do tema no Conselho de Segurança da ONU".

"Os ministros discutiram o que é possível fazer para encerrar as operações militares em curso, restaurar a paz e impedir que a população civil continue a sofrer as consequências do conflito", escreveu o MRE no Twitter.

O chanceler brasileiro também conversou com o Embaixador da China no Brasil, Yang Wanming, sobre o assunto.

O Itamaraty já instruiu sua delegação na ONU a apoiar o projeto de resolução. A votação ocorrerá a partir das 15 horas em Nova Iorque e será um dos principais testes da comunidade internacional diante da crise.

'Fator Bolsonaro'

Fontes do governo afirmam que França teve uma conversa com o presidente Jair Bolsonaro ontem à noite, após participar da live semanal, e teria explicado que é preciso uma posição mais forte do Brasil em relação à crise entre Rússia e Ucrânia.

Segundo apurou a coluna, o ministro tentou convencer o presidente de que não dá mais "para ficar em cima do muro".

O governo brasileiro tem adotado nas últimas semanas uma ginástica diplomática para manter uma relação positiva tanto com os russos como com o Ocidente. Na declaração emitida pelo Itamaraty, na quinta-feira desta semana, o governo evitou condenar Vladimir Putin. Mas indicou que havia uma violação clara dos princípios da ONU. O governo, porém, passou dias tentando chegar a uma postura de consenso.

Esperança norte-americana

No governo americano, a esperança é de que o Itamaraty possa direcionar o Executivo a tomar uma postura de princípio em relação à crise com a Rússia. Considerado como "extremamente profissional e experiente" pela Casa Branca, o Ministério das Relações Exteriores teria condições de influenciar pessoalmente Bolsonaro a tomar "o lado certo" diante da guerra.

Um diplomata americano chegou a usar o termo "contenção" para se referir ao papel que o Itamaraty teria.

O governo americano, mesmo tendo criticado o Brasil pela viagem ao Kremlin, ainda espera trabalhar com Brasília para garantir uma unidade no Ocidente sobre a guerra.