Bolsa fecha estável e dólar cai com expectativa por cortes e G20
A Bolsa de Valores de São Paulo fechou em estabilidade, com ligeira queda nesta segunda-feira (18), depois de o dólar finalizar o dia com desvalorização, refletindo a baixa de ajuste ocorrida em vários países após a forte alta da moeda nas últimas semanas.
Desde o final de outubro, o dólar vinha subindo por conta do "Trump Trade". Com a eleição de Donald Trump nos Estados Unidos, a divisa americana disparou internacionalmente, dada a expectativa de inflação nos EUA. A queda de hoje é uma correção dessa alta, segundo os especialistas.
Na Bolsa, após o fim da temporada de resultados do terceiro trimestre, o mercado continua sem muitos incentivos para subir, com os investidores atentos a notícias sobre o pacote de corte de gastos e e de olho nos líderes reunidos no Rio de Janeiro para o G20.
O que aconteceu
A Bolsa de Valores de São Paulo terminou o dia em leve baixa de 0,02%. O Ibovespa, principal índice acionário brasileiro, fechou em 127.768 pontos.
O dólar comercial finalizou o dia em baixa de 0,74%, a R$ 5,747. O turismo teve desvalorização de 0,54%, a R$ 5,968.
Por que o dólar caiu tanto?
Foi um movimento de correção da elevação das últimas semanas. É o que diz André Galhardo, consultor econômico da plataforma de transferências internacionais Remessa Online. Do final de outubro até sexta-feira (15), a moeda se valorizou muito no mundo todo com o "Trump Trade". Como o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, tem propostas inflacionárias, isso fez o valor do dólar disparar.
O movimento de desvalorização do dólar visto hoje também foi observado em outras moedas de mercados emergentes. "O peso mexicano, uma das moedas mais comparadas ao real, apresentou valorização de 0,60% em relação ao dólar", diz Diego Costa, diretor de câmbio para o Norte e Nordeste da B&T Câmbio. "O processo recente de valorização do dólar foi muito agudo", acrescenta Galhardo. Por isso, agora, a moeda americana perde valor, num movimento que o especialista classifica como natural de correção dos valores.
Corte de gastos também influenciou
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o pacote de cortes de gastos "está fechado" com o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. O anúncio ocorrerá "brevemente", segundo ele. Haddad falou ao canal CNBC em entrevista gravada na sexta-feira e exibida neste domingo (17).
"Está fechado com o presidente o conjunto de medidas. Nós vamos anunciar brevemente, porque está faltando a resposta de um ministério", declarou. Questionado, ele revelou que o entrave envolve a pasta da Defesa. "Nós tivemos boas reuniões com o ministro [José Múcio] e com os comandantes das forças", afirmou.
Espera-se que o anúncio seja feito apenas depois da quinta-feira (21).
Por que o mercado espera pelo corte de gatos?
Se o governo cortar despesas, um dos principais fatores que faz a inflação aumentar no Brasil diminui. Com isso, os juros poderiam voltar a cair e a Bolsa de Valores voltaria a ficar atrativa, uma vez que as empresas pagariam menos por suas dívidas e também teriam mais como investir em seu crescimento.
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Quero receberPara o Itaú, o governo precisaria cortar R$ 60 bilhões, sendo R$ 25 bilhões em 2025 e R$ 35 bilhões em 2026. "A percepção de risco doméstico tem aumentado com a expectativa que o crescimento elevado das despesas obrigatórias dificultaria muito o cumprimento do arcabouço fiscal", publicou o banco em relatório para investidores.
As incertezas fiscais somadas às externas, com perspectiva de um dólar mais forte globalmente, fazem o banco elevar a projeção de câmbio. De R$ 5,40 até o fim do ano, a estimativa agora é de R$ 5,70 por dólar.
Focus
A Bolsa também refletiu hoje a projeção do boletim Focus para a inflação, que passou de 4,62% para 4,64%. Com isso, a estimativa segue acima do teto da meta de inflação para este ano do Banco Central, de 4,50%. "Ou seja, o mercado continua duvidando da capacidade do governo de fazer cortes e controlar a inflação em direção à meta", diz Paulo Gala, economista chefe do banco Master.
Por isso, o mercado prevê mais um aumento do juro básico da economia. O percentual continuou em 11,75% ao ano. Para o PIB (Produto Interno Bruto) em 2024, a projeção do mercado permaneceu estável em 3,10%. A estimativa para o dólar subiu de R$ 5,55 para R$ 5,60.
Petróleo e Ucrânia
Após a Rússia ter lançado um bombardeio maciço com mísseis e drones contra todo território ucraniano neste domingo, o preço do petróleo deu um salto. O barril do tipo Brent, a referência global de preços, teve alta de 3,18%, negociado a US$ 73,30. E isso fez as ações da Petrobras (PETR3 e PETR4) se valorizarem. PETR3 subiu 2,25% para R$ 41,42, enquanto PETR4 teve ganhos de 2,31%, para R$ 38,13, conforme dados preliminares.
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