Em 1º pregão após posse de Lula, dólar sobe a R$ 5,36; Bolsa cai 3,06%
Do UOL, em São Paulo*
02/01/2023 17h24Atualizada em 02/01/2023 18h31
O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira (B3), despencou 3,06%, aos 106.376,02 pontos —o índice caiu, principalmente, pela desvalorização das ações da Petrobras (queda de 6,45% da PETR4 e de 6,46% da PETR3).
O dólar fechou o primeiro pregão do ano em alta de 1,51%, cotado a R$ 5,36.
Com feriados nos Estados Unidos e na maior parte da Ásia, o mercado repercute basicamente o cenário no Brasil, com a posse de Lula (PT) como presidente e as primeiras medidas econômicas do seu governo.
- Os R$ 600 para o Auxílio Brasil, que voltará a ser Bolsa Família, foram garantidos;
- Lula assinou medida para manter isenção do imposto sobre os combustíveis no país por mais 60 dias;
- Outro decreto determinou que os ministros tirem as empresas Petrobras, Correios e EBC (Empresa Brasil de Comunicação) de programas de privatização.
O que desagradou ao mercado?
A frase de Lula que mais causou impacto negativo, dita no domingo (1º), foi esta:
O SUS é provavelmente a mais democrática das instituições criadas pela Constituição de 1988. Certamente por isso foi a mais perseguida desde então, e foi, também, a mais prejudicada por uma estupidez chamada teto de gastos, que haveremos de revogar.
Luiz Inácio Lula da Silva, presidente da República
- Os investidores temem que o governo gaste demais --o que provocaria inflação.
- Isso faria subirem os juros, e muitas empresas teriam sua atividade prejudicada, avalia Virgílio Lage, especialista da Valor Investimentos.
- O mercado de ações também sairia perdendo, pois os investidores migrarim para aplicações de renda fixa.
Em seu discurso, Lula reiterou que o estado vai ser o indutor do crescimento econômico. Mas a gente fica preocupado com qual vai ser a estrutura fiscal que vai sustentar isso.
Eduardo Cubas, sócio e diretor de alocação da Manchester Investimentos
- Porém, segundo o especialista, nem tudo é pessimismo. O mercado gostou da prorrogação da desoneração dos combustíveis por 60 dias.
- Com isso, a expectativa de inflação para janeiro, baixou de 1% para menos de 0,5%.
Haddad promete nova regra de gastos para 1º semestre
Durante a posse do petista como ministro da Fazenda, se destacaram alguns pontos:
- Ele se comprometeu a enviar, ainda no primeiro semestre, a proposta de uma nova regra em substituição ao teto de gastos.
- Criticou a forma como a gestão anterior fez a transição de governo e chamou de "indefensável" o comportamento de Jair Bolsonaro e do vice Hamilton Mourão por não passarem a faixa para Lula.
- Chamou integrantes do governo anterior de "irresponsáveis" por contrariar a recomendação de técnicos em atos na política econômica no ano passado e falou em "reconstruir a casa".
- Disse que é preciso fazer o país voltar a crescer com sustentabilidade e responsabilidade, citou o combate à inflação e prioridade social.
*Com Reuters