Dólar cai a R$ 5,13 com novas apostas para os juros; Bolsa também recua
O dólar caiu 0,74% e terminou o dia vendido a R$ 5,13, chegando à terceira sessão seguida de perdas. No mês, porém, a moeda americana ainda acumula alta de 2,29% sobre o real.
O Ibovespa também registrou queda, esta de 0,34%, e fechou aos 125.148,07 pontos, interrompendo uma sequência de três pregões positivos consecutivos. O principal índice da B3 recuou 2,31% em abril.
O valor do dólar divulgado diariamente pela imprensa, inclusive o UOL, refere-se ao dólar comercial (saiba mais clicando aqui). Para quem vai viajar e precisa comprar moeda em corretoras de câmbio, a referência é o dólar turismo, e o valor é bem mais alto.
O que aconteceu
Apostas para os juros brasileiros mexeram com o mercado. Analistas consultados pelo Banco Central agora preveem juros em 9,5% ao ano ao final de 2024 e em 9% em 2025. Isso confirma o que vinha circulando há dias entre investidores: "uma Selic de um dígito no fim deste ano está muito menos garantida do que há cerca de duas semanas", explicou a Levante Investimentos em relatório a clientes.
Juros mais altos no Brasil tendem a favorecer o real. Isso acontece porque a Selic em patamar elevado preserva a rentabilidade do mercado de renda fixa, atraindo investidores estrangeiros. Esse impulso pode não surtir efeito caso seja motivado por deterioração do risco fiscal, já que este também é um fator levado em consideração por agentes financeiros na hora de escolher onde vão investir.
Queda do minério de ferro puxou Ibovespa para baixo. O segundo dia de baixa — esta de quase 2% — nos preços da commodity na China afetou ações de empresas como Vale (-1,01%), Gerdau (-3,82%) e Usiminas (-13,72%). Esta última ainda foi impactada pela divulgação de seu último balanço, que mostrou queda de 47% no resultado operacional medido pelo Ebitda ajustado nos primeiros três meses do ano.
Segue a expectativa por mais dados econômicos dos EUA. O mercado espera pelos números do PIB (Produto Interno Bruto) americano do 1º trimestre, que saem na quinta (25), e a inflação medida pelo PCE, que será divulgada na sexta (26). Dados publicados nas últimas semanas fizeram investidores adiar para setembro as apostas de um corte de juros pelo Fed (Federal Reserve, o BC dos EUA).
As ações foram impactadas pelo aumento das expectativas para a inflação de 2024 e 2025, além dos questionamentos sobre o ritmo de corte dos juros no Brasil. Esse cenário eleva as taxas futuras, aumentando o custo do capital, o que pode reduzir a margem de lucro de empresas de varejo e desincentivar investimentos.
Lucas Almeida, sócio da AVG Capital, ao UOL
(Com Reuters)