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Revisão da meta: mercado prevê juro além de 9% e dólar acima de R$ 5,30

A revisão da meta de superávit só piorou a perspectiva de queda de juros e de alta do dólar. O mercado, que chegou a prever números abaixo de 9%, agora está apostando em uma taxa Selic próxima de 10% até o final do ano. E num dólar passando de R$ 5,30, podendo chegar a R$ 5,50.

Na segunda-feira (15), o governo propôs, por meio do projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) de 2025, reduzir as metas de superávit primário para as contas públicas dos próximos anos. Ou seja: a diferença entre receitas e despesas vai diminuir além do previsto.

Por isso, nesta terça-feira (16), o dólar estava sendo negociado a R$ 5,26, com alta de 1,47% por volta das 13h15. No mesmo horário, a Bolsa caia 0,37%, para 124.865 pontos.

Quais as consequências disso?

Essa revisão, aliada a questões internacionais, tornou os analistas de mercado mais pessimistas. Para eles, essa nova meta, junto com o conflito no Oriente Médio e uma possível demora para o corte nos juros nos Estados Unidos, afeta negativamente Bolsa de Valores, os juros e o dólar no Brasil.

Já tem especialista prevendo uma taxa de juros de 9,75% para o fim do ano. É o que diz Alvaro Bandeira, coordenador da comissão de economia da Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais do Brasil (Apimec Brasil). "Antes disso, muito apostavam numa taxa abaixo de 9%. Isso acabou. Agora, já tem gente falando em algo próximo a 10%", diz ele. Hoje, a Selic está em 10,75%. O último Boletim Focus, divulgado nesta terça-feira (16), fala em Selic a 9,13% até 31 de dezembro.

Por que os juros vão cair menos?

Porque quando o governo gasta demais, o dólar sobe e a inflação também. "A revisão mostra um descaso do governo com o controle fiscal e isso afasta os investidores", diz Denis Medina, economista e professor da Faculdade do Comércio (FAC-SP). Essa posição acaba, segundo ele, afastando os investidores do país.

Quando os investidores deixam de vir para o Brasil, o dólar sobe. "Isso tudo, aliado a um cenário de maior pressão no petróleo, por conta dos conflitos no Oriente Médio, e de uma queda de juros que deve demorar mais para acontecer nos Estados Unidos, eleva o preço do dólar, dos produtos básicos (as commodities) e a inflação cresce", diz Gustavo Sung, economista-chefe da Suno.

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Até quanto pode chegar o dólar?

Com essa soma de fatores, existem previsões de que o dólar pode passar de R$ 5,30. Esse valor é a estimativa de Claudia Moreno, economista do C6 Bank. Mas Bernardo Brites, presidente da Trace Finance, aposta em mais. "Com a piora do cenário, podemos passar de R$ 5,30 e chegar a R$ 5,50 ou mais", afirma ele.

Os investidores estão muito preocupados porque além de tudo isso - conflitos, juros americanos e a revisão da meta - temos eleições pela frente e o fim do mandato do presidente do Banco Central

Daniel Alberini, diretor de gestão da TM3/CTM

Ele prevê 9,50% para a Selic e R$ 5,15 para o dólar até o fim de 2024 — quando termina o mandado de Roberto Campos Neto no Banco Central.

Mas tem quem espere um dólar menor

No curto prazo, já era esperado que o dólar subisse. "Mas com a dissipação dos choques, tanto da meta, quanto os internacionais, ele deve cair um pouco", afirma Sung. Para ele, a cotação também deve fechar o ano a R$ 5,15.

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E podem vir mais impostos pela frente

Estão previstas a retomada de duas novas fontes de arrecadação. É o que diz Octavio Arruda, diretor de "Wealth Planning" do Andbank. "São a reoneração da folha de pagamento e o retorno da tributação dos dividendos", diz ele.

Para os especialistas, a grande questão é que o governo não tem grandes planos de corte de gastos. Isso porque para aprovar medidas, ele precisa negociar com o Congresso, que é um grande gastador de verbas públicas. "Tem também a questão do imposto das offshores", explica Arruda. O governo começou este ano a cobrar Imposto de Renda sobre fundos de investimentos e também sobre a renda obtida no exterior por meio de empresas offshores. "Tomara que o governo não se frustre com a arrecadação que virá," diz o especialista.

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