Ações da Tesla caem 40% no ano com brigas, vendas baixas e descontos
Já houve um tempo em que ter ações da Tesla (TSLA34) causava impacto no mercado e entre amigos. Mas esses tempos ficaram para trás: só neste ano, os papéis TSLA da fabricante de carros elétricos do excêntrico Elon Musk perderam 43% do valor na Nasdaq, a Bolsa eletrônica dos Estados Unidos.
No Brasil, os recibos de ações (BDRs) também despencam e já perderam (até dia 19), 37% do valor, conforme a Elos Ayta. No final de 2023, a Tesla valia US$ 789,8 bilhões. Com a queda que vem ocorrendo desde então, a avaliação de mercado da empresa baixou para US$ 468,3 bilhões, segundo a Elos Ayta.
O que está acontecendo
As vendas da Tesla estão em queda. Entre janeiro, fevereiro e março deste ano, a montadora com sede em Austin, no Texas, entregou 387mil carros mundialmente. A quantidade representa uma queda de 8,5% em relação aos mesmos meses do ano passado. Nesta terça feira (23), a companhia ainda divulga seus resultados financeiros do primeiro trimestre do ano depois do fechamento do mercado.
Com isso, na semana passada, a fabricante anunciou que vai demitir 10% dos funcionários. São cerca de 15 mil em todo o mundo. É o maior corte dos últimos anos: a marca demitiu 2% de seu quadro de funcionários em 2017, 9% em 2018, 7% em 2019 e cerca de 3% em 2022.
A queda nas vendas da Tesla não é reflexo do mercado de carros elétricos. Ao contrário, em outras montadoras, os números só crescem. Só nos EUA, a Ford vendeu 20.223 veículos elétricos nos primeiros três meses do ano, alta de 86%. A BMW, por exemplo, disse que entregou mundialmente 82.700 unidades BMW, Mini e Rolls-Royce totalmente elétricas aos clientes de janeiro a março. Ou seja, um aumento de vendas de 28% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Tesla perde terreno para a concorrência
A Tesla foi a criadora desse mercado e, agora, ela não reina mais sozinha. Por isso, a participação da Tesla no mercado americano caiu de 65% para 51%. A empresa, segundo a imprensa local, ainda é a líder de vendas, mas vem perdendo terreno desde o ano passado, quando a concorrência começou a crescer lançando modelos mais baratos.
Tanto é que a empresa diminui alguns de seus preços. No ano passado, a montadora de Musk deu desconto de U$ 759 no Tesla Y, um dos modelos mais vendidos, que custavam US$ 46.990 anteriormente. No domingo (21), anunciou desconto em quatro modelos vendidos na China, seu maior mercado. O modelo Y chin custa agora US$ 34.502.
Além disso, a alta de juros nos Estados Unidos também atrapalha. É o que diz William Castro Alves, economista e sócio da corretora digital Avenue. "Muito do valor de mercado da Tesla, como acontece com a maior parte das empresas de tecnologia, é a geração de caixa futura. Quando os juros estão altos, essas companhias crescem menos e o valor cai", explica.
Os críticos também reprovam a condução de Elon Musk. Mais preocupado com o X (antigo Twitter), com Space X e com brigas desnecessárias, Musk estaria negligenciando a crise na Tesla.
A Tesla tem sido lenta em inovar. O último modelo novo da empresa foi o Cybertruck, lançado em 2019. Ou seja, a fabricante não tem nenhuma novidade há meia década.
O que fazer com as ações
Não existem perspectivas de que a ação vá se recuperar tão cedo. "A perspectiva não é de melhora, é uma ação cara e ainda supervalorizada", explica Alves.
Dessa maneira, o Deutsche Bank cortou o preço alvo da ação de US$ 189 para US$ 123 recentemente. Para o banco alemão, a Tesla erra ao ignorar sua crise e focar no lançamento, em agosto, do táxi com tecnologia de direção autônoma. O momento, segundo o DB, seria mais apropriado para o desenvolvimento de um veículo mais popular, que os investidores esperavam que pudesse impulsionar o crescimento da companhia.
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