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Fábrica de lingerie erótica do RJ abre centro de distribuição na África

Afonso Ferreira

Do UOL, em São Paulo

11/06/2015 06h00

Em vez de dar prioridade a mercados consolidados como Europa e Estados Unidos, a fabricante de fantasias e lingeries sensuais Sapeka, de Nova Friburgo (140 km a nordeste do Rio de Janeiro), fez um caminho diferente. Ainda neste mês, a empresa vai inaugurar um centro de distribuição em Angola para aumentar suas exportações para a África.

Atualmente, as vendas da marca para o continente africano somam R$ 70 mil por mês. Com um ponto fixo em Angola, a expectativa é aumentar para US$ 300 mil (R$ 965 mil) mensais no prazo de cinco anos, valor 14 vezes maior que o atual, segundo Wesley Loureiro, 34, diretor comercial do negócio.

“Notamos uma procura crescente por nossos produtos na África e resolvemos investir em um centro de distribuição em Angola por ser um país de língua portuguesa e mais desenvolvido, se comparado a outros países do continente”, afirma Loureiro.

O investimento no centro de distribuição foi de US$ 400 mil (R$ 1,28 milhão). Os 12 funcionários serão angolanos e a administração ficará por conta de um representante local da marca, que, antes, comprava as peças e as revendia para lojistas no país africano.

Angola é também o principal mercado da Sapeka no continente, com 40% das vendas. Moçambique e África do Sul vêm em seguida com 30% de participação cada. O carro-chefe, segundo Loureiro, são os trajes eróticos de fantasias, como de colegial, enfermeira e policial. Os conjuntos (calcinha + sutiã) custam de R$ 32 a R$ 140, enquanto as fantasias variam de R$ 36 a R$ 199.

“As medidas da mulher brasileira são similares aos da mulher africana. Isso gerou uma vantagem do nosso produto em relação a concorrentes de outros países”, declara. Em 2014, a empresa faturou R$ 10 milhões, sendo 8,4% da receita originária das vendas para a África.

Exportação cresceu após feira de negócios na África

A empresa exporta lingeries e fantasias para a África há sete anos, segundo Loureiro. No entanto, as vendas se intensificaram a partir de 2011, quando a marca participou de uma feira de negócios em Moçambique, com auxílio da Apex-Brasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos).

“Antes da feira, enviávamos pedidos esporádicos para empresários que descobriam nosso site e entravam em contato conosco. No evento, conseguimos fechar alguns acordos e os pedidos se tornaram constantes”, afirma. De acordo com ele, na época, as vendas para a África não ultrapassavam R$ 8.000 por mês.

Além dos países africanos, a empresa também exporta em menor volume para a Europa e Estados Unidos. Segundo Loureiro, a marca já tem negociações em andamento para a abertura de centros de distribuição em território norte-americano, em Portugal e na Alemanha.

Operação fixa em país estrangeiro é um risco 

Abrir um centro de operações em outro país é uma estratégia arriscada e precisa ser estudada com cuidado, afirma César Yokomizo, coordenador da pós-graduação em gestão de negócios internacionais do centro universitário Senac. Segundo ele, a empresa precisa conhecer a legislação local e arcar com custos extra como aluguel, salários e tributos que não pagaria em seu país de origem.

“Seria menos arriscado abrir a operação no Nordeste brasileiro", afirma. A região é estratégica por ser geograficamente mais próxima de outros continentes do que o Sudeste. "Caso a demanda africana ficasse abaixo do esperado, seria possível redirecionar a produção para dentro do Brasil, Europa e Estados Unidos com menos custos.”

Uma maneira de ganhar mercado na África é adaptar o produto ao gosto e à cultura local, segundo o professor. Ele diz que é fundamental conhecer o público e a cultura local para não colocar no mercado algo que possa ser ofensivo. “Às vezes, pequenas mudanças na cor, no tamanho ou na foto da embalagem podem melhorar a aceitação do produto”, declara.

Onde encontrar:

Sapeka Lingeries: www.sapeka.com.br

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