Empresária reduz loja e portfólio e vê faturamento crescer no 1º trimestre
Márcia Rodrigues
Colaboração para o UOL, de São Paulo
12/05/2024 04h00
A loja está menor, o portfólio de produtos diminuiu, mas o faturamento da Colonial Materiais de Construção, no Distrito Federal, registrou alta de 10% no primeiro trimestre deste ano, na comparação com igual período em 2023.
"Enquanto muitas marcas brigam para deixar seus preços competitivos, eu investi em segmentar minha loja. Tirei produtos que exigiam um grande estoque, como ferro, tábua e telha, e investi em máquina de tinta, elétrica e hidráulica.
Siomara Damasceno de Oliveira, dona da Colonial Materiais de Construção
Vendas pelo WhatsApp e novos horários. A empresária também apostou em entregas em horários diferenciados, atendimento via WhatsApp e novas formas de pagamento para aumentar as vendas, segundo ela. "Venho me reinventando no pós-pandemia. E, com estas inovações venho batendo meta após meta."
PMEs registraram crescimento no 1º trimestre
Desempenho positivo no primeiro trimestre do ano. Siomara faz parte da fatia de pequenas e médias empresas (PMEs) que registram crescimento de 11,5% nos primeiros três meses do ano, segundo o Índice Omie de Desempenho Econômico das PMEs (IODE-PMEs).
Queda dos juros ajudou. Felipe Beraldi, economista e gerente de indicadores e estudos econômicos da Omie, atribui o crescimento à melhora do mercado de trabalho, à queda da Selic (taxa básica de juros) e aos incentivos do governo federal.
De modo geral, o mercado de PME tem um cenário favorável desde o segundo semestre do ano passado, com a retomada do mercado de trabalho, as políticas de incentivo, como a ampliação do Bolsa Família, o reajuste real do salário-mínimo, maior controle inflacionário, redução dos juros... tudo isso tem efeito positivo no poder de compra das famílias e reflete na economia.
Felipe Beraldi, Economista e gerente de indicadores e estudos econômicos da Omie
Recuperação começou no ano passado. Décio Lima, presidente do Sebrae, também diz que a recuperação da economia brasileira e, consequentemente, das Pmes, iniciou no ano passado, quando o Brasil passou a ser o segundo colocado no mundo em termos de investimentos internacionais, perdendo apenas para os Estados Unidos.
PMEs geram empregos. Ele também destacou que, "no acumulado do ano passado, houve um saldo de 1,48 milhão de novas contratações, o que resultou no menor patamar de desemprego registrado desde 2014". E que, "pelo terceiro ano seguido, as micro e pequenas empresas foram as grandes protagonistas na geração de novos postos de trabalho no país, respondendo por 8 em cada 10 empregos criados em 2023."
Bom desempenho não pode ser atrelado ao pós-pandemia
Avanço da renda. Para Berardi, não dá para condicionar o bom resultado do primeiro trimestre de 2024 ao fim da pandemia da covid-19. Segundo ele, "houve mudança de comportamento antes do fim da pandemia e as Pmes foram mais afetadas pelo avanço da renda do trabalhador".
Expectativa de crescimento menor. O economista afirma, no entanto, que tem pouco espaço para um crescimento dessa magnitude do setor no segundo semestre do ano. "Tem pouco espaço para uma tração do mercado de trabalho, o rendimento das famílias já está em nível elevado e não deve haver mais lançamentos de programas de incentivo por parte do governo federal", pontua.
Crescimento dos setores e subsetores
Indústria e serviços puxaram o crescimento. Segundo o IODE-PMEs, o crescimento das PMEs ficou concentrado em grandes setores da economia no início do ano. Mantendo a tendência apontada no trimestre anterior, as PMEs da Indústria seguiram em destaque, com avanço de 15,6%, em comparação ao primeiro trimestre de 2023. Na sequência vem serviços, com crescimento de 8%.
A surpresa veio do comércio. A grande surpresa no levantamento foi a retomada do aumento de faturamento das PMEs do comércio em termos anuais: o segmento cresceu 4,6%, em comparação com o período do ano anterior.
Veículos puxaram as vendas. O resultado foi puxado pela retomada do comércio e reparação de veículos automotores e motocicletas (+36%) e do comércio atacadista (+3,5%). No atacado, destaque para produtos odontológicos, fios e fibras beneficiados e bebidas.
Lima, por sua vez, acredita que há espaço para o crescimento atingir subsetores da economia:
Eu costumo dizer que quanto mais abelha, mais mel. O que significa que em um jogo de ganha-ganha, quanto mais setores crescerem juntos, melhor para todo o país. Existe uma intensa interação entre todos os diversos segmentos de atividades. Com uma economia aquecida, a indústria pode produzir mais, o comércio é mais demandado, as famílias têm mais empregos e renda e podem consumir mais serviços e o agronegócio encontra um mercado interno mais forte e aquecido.