Desemprego no Brasil é de 6,8%, queda no trimestre e em um ano
O desemprego no Brasil ficou em 6,8% no 2º trimestre deste ano (abril a junho), segundo a Pnad Contínua, divulgada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Isso representa uma queda em relação ao 1º trimestre de 2014, quando a taxa era de 7,1%. Também houve queda em comparação com o mesmo período do ano passado (7,4%).
O dado foi divulgado pelo IBGE nesta quinta-feira (6). O órgão divulga duas taxas diferentes de desemprego. Esta Pnad Contínua se refere aos números trimestrais e tem abrangência nacional. A outra é mensal e engloba apenas seis regiões metropolitanas. Como o alcance é diferente, os números também são. A última pesquisa mensal divulgada indicava que o desemprego em setembro foi de 4,9%.
Desemprego é maior no Nordeste e entre as mulheres
A queda entre o 2º trimestre de 2014 e o 2º trimestre do ano passado foi de 0,3%. É metade da queda ocorrida entre o 2º trimestre de 2013 e o de 2012 (0,6%). Para Cimar Azeredo, coordenador de trabalho e rendimento do IBGE, o mercado absorveu, "em ritmo inferior", os trabalhadores temporários de fim de ano que voltam a procurar emprego no início do ano.
A população ocupada no 2º trimestre de 2014 foi de 92,1 milhões, o que representa 56,9% da força de trabalho.
O IBGE substituiu o termo população economicamente ativa por população em idade de trabalhar, que é formada por todas as pessoas com mais de 14 anos que estão ocupadas, desempregadas ou não estão procurando emprego (estudantes e donas de casa, por exemplo). O órgão passou a usar usa o conceito de força de trabalho, que é a soma da população ocupada e da desocupada (excluindo os que não estão procurando emprego).
A população desocupada se refere a quem não estava trabalhando na semana em que foi feita a pesquisa, mas estava à procura de emprego. A mudança atende a critérios da Organização Internacional do Trabalho (OIT).
A região com a maior taxa de desemprego é a Nordeste, com 8,8%, seguida por Norte (7,2%), Sudeste (6,9%), Centro-Oeste (5,6%) e pela região Sul, com o desemprego mais baixo, de 4,1%.
O desemprego é maior entre as mulheres (8,2%) do que entre os homens (5,8%), diferença observada desde a primeira Pnad Contínua, do 1º trimestre de 2012. Na época, a taxa de desocupação entre as mulheres era de 10,3% e a dos homens era de 6,2%. Em um ano, porém, o desemprego caiu mais entre as mulheres (de 9,3% para 8,2%) do que entre os homens (de 6% para 5,8%).
Pesquisa foi alvo de polêmicas ao longo do ano
As pesquisas de desemprego do instituto têm sido alvo de polêmicas neste ano. Primeiro o IBGE havia decidido suspender a divulgação da Pnad Contínua. Depois, recuou e anunciou que manteria a publicação.
Uma greve dos funcionários prejudicou os dados da pesquisa mensal de emprego.
Esta Pnad divulgada agora demorou bem mais que as outras três. As pesquisas anteriores foram liberadas com intervalo de dois a três meses entre si (em janeiro, abril e junho). Desta vez, a espera foi de cinco meses. Segundo Azeredo, o adiamento da divulgação ocorreu devido à greve dos funcionários, que durou mais de dois meses e prejudicou pesquisas.
Reportagem da "Folha de S.Paulo" mostrou que o governo segurou a divulgação de alguns números para que eles não afetassem a campanha da presidente Dilma Rousseff à reeleição. Esses dados atrasados se referiam a temas como a arrecadação de tributos e o contingente de miseráveis no país.
A presidente do IBGE, Wasmália Bivar, negou que a divulgação da Pnad Contínua tenha sido adiada por causa das eleições.
Pnad Contínua substituirá pesquisa mensal de emprego
O IBGE está mudando a metodologia de pesquisa de emprego e, ao longo deste ano, está divulgando tanto a PME (Pesquisa Mensal de Emprego) quanto a Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua).
A PME apresenta dados mensais com base em seis regiões metropolitanas; o último disponível, de setembro, apontava uma taxa de desemprego de 4,9%, a menor para o mês de setembro desde 2002. A pesquisa vem mostrando queda na taxa. Em agosto, era de 5% e, em setembro de 2013, era de 5,4%.
Já a Pnad Contínua, que apresenta dados trimestrais e tem abrangência nacional, tem mostrado taxas de desemprego mais altas que as da PME.
Houve três divulgações da Pnad Contínua: a primeira com dados do 1° trimestre 2012 ao 2° trimestre 2013; a segunda relativa ao 3º e 4º trimestre de 2013; e a terceira referente ao 1º trimestre de 2014.
A previsão é que a Pnad Contínua substitua a PME e também a Pnad, que registra anualmente dados sobre mercado de trabalho, educação, migração e trabalho infantil. Em 2015, a Pnad ainda será publicada, mas com dados de 2014.
O IBGE ainda não decidiu até quando a PME continuará sendo divulgada. Quando ela deixar de existir, a Pnad Contínua se tornará a responsável por registrar a taxa oficial de desemprego do país.
A mudança segue orientações da Organização Internacional do Trabalho.
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