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É hora de voltar a investir em ações?

Por Sophia Camargo<br/>

24/08/2007 14h17

Depois de uma série de altas seguidas da Bovespa nesta última semana, os investidores que se desesperaram com as recentes quedas da Bolsa já estão de cabelos em pé pensando no que fazer com o dinheiro retirado dos fundos de ações que agora sonambula na conta corrente sem nenhuma remuneração. Dados da Anbid (Associação Nacional dos Bancos de Investimento) mostraram que os fundos perderam R$ 5,3 bilhões nas duas primeiras semanas de agosto. Mas será que já é hora de voltar a investir em ações?

É o que se pergunta a internauta Teka, que nos escreveu contando que havia retirado R$ 25 mil que estavam investidos na Vale do Rio Doce na semana passada e agora não sabia se devia voltar a investir nesse mercado. "A decisão de retirar o dinheiro no auge da queda da Bolsa certamente foi equivocada", avalia o estrategista de renda variável da Infinity Asset, George Sanders. Do dia 16 de agosto, quando a Bolsa caiu a 48 mil pontos, a Bovespa já se recuperou 10% até esta sexta (24), quando fechou perto dos 53 mil pontos. "E as ações da Vale, que estavam cotadas a R$ 67 no dia 16, fecharam na sexta (24), a R$ 78,15, uma valorização de 16,6%, informa Sanders. Ou seja, o desespero foi mau conselheiro também no terreno dos investimentos.

Quem se decide a aplicar em ações tem que seguir alguns conselhos básicos, como recomenda o professor Bolívar Godinho de Oliveira Filho, do Laboratório de Finanças da FIA. Vamos a eles:

1) A formação da carteira de ações deve ser lenta. Não é aconselhável investir muito de uma só vez, mas sim ir investindo aos poucos, para conhecer o terreno e a própria reação do indivíduo frente às turbulências do mercado;

2) O horizonte de investimento deve ser, obrigatoriamente, de longo prazo. Se você precisar do dinheiro em um curto período de tempo, poderá ter de vender seus papéis em um momento desfavorável;

3) Deve-se definir um porcentual máximo de investimento em ativos de risco, seja 10%, 20% ou até 50% do patrimônio. Para cada indivíduo, esse porcentual será diferente e dependerá do apetite por risco, mas não só. Dependerá também da possibilidade de ter o patrimônio em investimentos de risco. Ou seja, não basta querer, tem de poder. Um homem casado, de quem dependam a mulher e três filhos pequenos, que sustente também a mãe e o pai e ainda por cima esteja em fim de carreira, simplesmente não pode arriscar o seu patrimônio, nem que deseje. Situação diferente vive um jovem solteiro, sem filhos, em começo de carreira, que pode arriscar bem mais;

4) Ainda que decida investir em ações, o dinheiro não deve ser aplicado apenas em um único papel, mas sim em diversas empresas de diversos segmentos. Por isso, os especialistas recomendam que as pessoas que não podem acompanhar os balanços das empresas invistam em bons fundos de ações, que pagam analistas e gestores para decidir o melhor momento de vender e de comprar.

Para simplificar a lição, sempre é tempo de investir em ações. Mas desde que quem decida partir para esse investimento esteja consciente dos riscos, para não perder nem tempo e muito menos dinheiro.