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Bovespa vai do inferno ao céu em setembro

Por Sophia Camargo<br/>

28/09/2007 13h30

Depois de um agosto de fortes emoções, o mês de setembro trouxe mais alegrias aos investidores da Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo), que ultrapassou a barreira dos 61 mil pontos pela primeira vez. "Fomos do inferno ao céu", resume o diretor da Fator Corretora Antonio Milano.

Na avaliação dos analistas, a recuperação da Bolsa foi reflexo da forte atuação dos bancos centrais norte-americano e europeu para conter os reflexos da crise no segmento imobiliário americano.

O agressivo corte dos juros nos Estados Unidos promovido pelo Fed (Federal Reserve, o banco central americano) que baixou a taxa para 4,75% ao ano, foi, para Milano, o catalisador que trouxe os investidores de volta à Bolsa. "Por trás de tudo isso existe um claro desinteresse pela moeda americana e uma corrida aos ativos reais como bolsa e ouro", diz Milano.

Na avaliação de Francisco Barbosa, economista-chefe da Magliano Corretora, a recuperação extraordinária da Bolsa mostra que não há nem nunca houve crise.

TERMÔMETRO DA CRISE
Arte UOL
Gráfico mostra os principais momentos da turbulência no mercado mundial. Veja aqui
"Se os fundamentos da economia fossem ruins, não haveria recuperação." Segundo Barbosa, o setor imobiliário representa apenas 10% da economia norte-americana, e não teria potencial para contaminar os 90% restantes que estão saudáveis.

"Toda recessão decorre de um desequilíbrio geral na economia. Se a liquidez é alta, como agora, não pode haver um processo recessivo."

Outro indicador que mostraria que não há indício consistente de crise, para o economista, é o fato de que o segmento de commodities continua aquecido. "Quando há recessão, as commodities são as primeiras a sofrer. O que se vê, no entanto, é uma forte alta dos preços dos insumos básicos."

Para a maioria dos analistas, porém, a crise ainda não mostrou até onde pode chegar. "A crise existe, sem dúvida, e não sabemos ainda com certeza quais bancos estão afetados, qual o volume do crédito envolvido e quantos investidores de outros países colocaram dinheiro nos papéis do subprime imobiliário americano", argumenta Milton Milioni, diretor da Geração Futuro.

"Por isso, é cedo para dizer que a crise acabou". O executivo acredita, porém, que a tendência da Bolsa continua sendo de alta, enquanto as empresas continuarem mostrando bons resultados e a economia, a crescer.

Para Walter Maciel, membro do comitê de investimentos da Quest Investimentos, a grande questão agora é se a economia mundial conseguirá crescer mesmo se os Estados Unidos experimentarem uma recessão por conta do problema no seu segmento imobiliário. "O cenário com que trabalhamos agora é o da economia americana crescendo abaixo do esperado e a China liderando a puxada do crescimento", diz.

A falta de consenso sobre a crise, porém, não se estende à sugestão de continuar a investir na Bolsa. "Sugerimos os papéis de empresas com base na economia real, como minério e outras commodities, que devem continuar fortes por um bom tempo", avalia Maciel.