Questão do Enem gera piadas e dúvida: vale a pena se endividar para viajar?
Uma questão do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) deste ano gerou piadas em redes sociais --e assustou quem não é muito fã de matemática.
O enunciado diz: "Para realizar a viagem dos sonhos, uma pessoa precisava fazer um empréstimo no valor de R$ 5.000. Para pagar as prestações, dispõe de, no máximo, R$ 400 mensais". A questão apresentava uma fórmula matemática e o candidato deveria responder qual o menor número de parcelas que essa pessoa deveria pagar, sem comprometer seu orçamento.
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A complexidade da fórmula, que envolvia logaritmo, gerou comentários bem-humorados nas redes sociais.
Outros comentaram que, se era necessário um empréstimo para fazer a viagem, era melhor desistir.
Essa pessoa tem que entender que querer não é poder! https://t.co/
— Isabela Martins (@IsabelaMartin22) November 13, 2017
Mas não é para tanto, segundo Reinaldo Domingos, presidente da Dsop Educação Financeira. Ele afirma que, tomando alguns cuidados, não há problema em se endividar para fazer uma viagem.
Decisão consciente e um bom motivo
A primeira coisa a se pensar, segundo o especialista, é a razão da viagem.
Se ela tiver um benefício alto, como a oportunidade de um intercâmbio ou um curso no exterior, que podem gerar uma contrapartida na carreira, ele diz que não há dúvida de que o empréstimo não é um problema. "O que vai agregar de valor é o mais importante", afirma.
Mesmo se a viagem for de lazer, o endividamento pode ser uma alternativa, desde que a decisão seja tomada com consciência, afirma o especialista. "Minha família vai viajar, eu não tenho condições, não tenho dinheiro, mas seria um sonho viajar. Financia. Acho que não há problema algum em fazer essa viagem", afirma.
Agora, se é possível adiar os planos, o melhor mesmo é se preparar financeiramente com antecedência.
Parcela deve caber no bolso
Outro fator fundamental na hora de fazer um empréstimo é não estourar o orçamento. Segundo Domingos, o valor comprometido com o pagamento de dívidas não deve ultrapassar 30% da renda líquida mensal [aquilo que cai na sua conta, após todos os descontos].
Ou seja, se você ganha R$ 1.000, não faça dívidas que o obriguem a pagar mais do que R$ 300 por mês com as parcelas.
"Dívida que você pode pagar não é problema. O nosso problema maior é quando não temos capacidade de pagar a dívida", afirma.
Cuidado com os juros
Um empréstimo com parcelas a perder de vista também não é problema, diz ele, desde que seja possível pagá-las. Assim, no exemplo da questão do Enem, as 16 parcelas que a pessoa teria para pagar a viagem não eram um problema em si, já que os R$ 400 ao mês cabiam em seu orçamento.
Para Domingos, é preciso ficar atento com os juros: a taxa não pode ultrapassar 3% ao mês. Acima disso, diz ele, é muito caro --e é melhor fugir do financiamento.
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