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Ouro subiu quase 20% neste ano. É hora de penhorar ou vender joias?

Antonio Gauderio/Folha Imagem
Imagem: Antonio Gauderio/Folha Imagem

Téo Takar

Do UOL, em São Paulo

23/05/2018 04h00

A recente alta do ouro abriu uma oportunidade para quem possui joias e está precisando de dinheiro. Somente neste ano, o preço do metal precioso subiu quase 20% no Brasil.

Um caminho para conseguir dinheiro com joias é vendê-las em casas especializadas na compra de ouro. Mas se você não quer se desfazer delas, pode utilizá-las para obter um empréstimo na Caixa Econômica Federal.

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Esse tipo de operação, chamada de penhor, cobra taxas de juros bem mais baixas do que um empréstimo tradicional. Se você pagar o empréstimo em dia, continua com as joias. O problema é que o banco usa um preço de ouro quase 30% menor do que o mercado na hora de avaliar as peças.

Veja quais cuidados tomar na hora de negociar ouro e entenda melhor como funciona o penhor de joias.

Ouro subiu por causa da valorização do dólar

A recente alta do ouro no Brasil criou uma oportunidade para quem tem joias e está disposto a se desfazer delas. Na prática, elas estão valendo quase 20% a mais do que valiam no fim do ano passado.

O grama do ouro puro (de 24 quilates) valia R$ 135 no fim de 2017. Avançou para R$ 147 em abril e, na semana passada, alcançou R$ 161.

“Se a pessoa está precisando de dinheiro, não tem mais interesse na joia nem apego sentimental, é um bom momento para vender”, disse Sandra Blanco, consultora de investimentos da Órama.

A alta do ouro no Brasil foi provocada pela desvalorização do real frente ao dólar. No mercado internacional, o preço do metal precioso praticamente não variou.

No fim do ano passado, o ouro valia US$ 1.291 por onça-troy (cada onça-troy equivale a 31,1 gramas). No último dia 18 de maio, a cotação era a mesma. Ao longo desse período, o preço chegou a um pico de US$ 1.368 (alta de 6%) em janeiro.

“O ouro é uma commodity metálica. Seu preço é definido internacionalmente e cotado em dólar. No Brasil, seu valor em reais sofre efeito direto da variação do dólar. Não adianta só acompanhar o preço do metal lá fora. Tem que ficar de olho no câmbio aqui também”, afirmou Bruno Foresti, gerente de câmbio da Ourinvest.

Penhor é alternativa para conseguir dinheiro sem vender a joia

Quem está precisando de dinheiro, mas possui um apego sentimental com as joias ou não quer vendê-las, pode recorrer ao sistema de penhor da Caixa Econômica Federal. O banco oferece condições atraentes de empréstimo, com juros bem mais baixos do que um de um crédito pessoal, por exemplo.

No penhor, a joia é dada em garantia para obtenção de um empréstimo. Se a pessoa não quitar a dívida, as joias são leiloadas.

Penhor tem juro mais baixo do que crédito pessoal

Os empréstimos feitos no penhor de joias da Caixa podem ser pagos em parcela única, até 180 dias após a contratação da dívida, ou parcelados em até 60 meses.

A taxa de juros para o contrato do tipo parcela única é de 2,10% ao mês, semelhante ao do empréstimo consignado (para assalariados ou aposentados, com desconto em folha).

No penhor parcelado, o juro é um pouco mais alto, de 3,65% ao mês, mas ainda é menor do que a taxa praticada no empréstimo pessoal por financeiras, na casa dos 7% ao mês.

No vencimento do contrato, o cliente pode escolher entre renovar o empréstimo ou receber o bem de volta. Se o cliente não pagar a dívida, a joia vai a leilão.

Empréstimo é liberado mesmo para quem está "negativado"

Outra vantagem do penhor é que não há análise de crédito. O empréstimo é liberado mesmo para quem está “negativado”, ou seja, possui algum registro de dívida pendente nos serviços de proteção ao crédito.

A Caixa exige apenas a apresentação de RG, CPF e comprovante de residência. Não é necessário apresentar nota fiscal de compra da joia. Basta levá-la em uma agência com serviço de penhor para avaliação na hora por um especialista.

Caixa atribui valor baixo ao ouro na hora de avaliar joias

A Caixa libera empréstimos até 85% do valor da joia. O problema é o baixo preço atribuído pelo banco ao ouro, cerca de 30% menor do que o praticado atualmente no mercado.

Nas suas avaliações, a Caixa usa um preço fixo de R$ 76 para o grama de ouro de 18 quilates, além de considerar apenas o peso em ouro da joia, sem pedras e outros detalhes. Na prática, o empréstimo é muito menor do que o valor que poderia ser atribuído à joia em uma loja que compra ouro.

Mesmo assim, a modalidade de crédito é muito procurada. No ano passado, a Caixa realizou mais de 9 milhões de contratos de empréstimos baseados no penhor de joias, que movimentaram R$ 14,4 bilhões.

Joia perde valor ao sair da loja

Muitas pessoas gostam de comprar joias de ouro para presentear os familiares e, ao mesmo tempo, para proteger o próprio patrimônio, criando uma reserva de valor lastreada no metal precioso.

O problema é que a joia sofre do mesmo fenômeno do carro zero-quilômetro: assim que sai da loja, já perde boa parte do seu valor.

“Você compra a joia por um valor, que inclui o design e a mão de obra para fazer aquela peça. Mas, na hora de vender, a joia só vale o peso em ouro. O design, a marca, as pedras, todos os detalhes são desprezados”, afirmou Mauriciano Cavalcanti, diretor-geral de ouro e câmbio da Ourominas.

Além do peso, comprador avalia a pureza do ouro

Além de pesar a joia sem considerar detalhes, como brilhante e outras pedras incrustadas, as casas especializadas na compra de ouro também avaliam o teor de metal precioso na peça para definir seu preço.

Um grama de ouro puro possui 24 quilates. Mas, de forma geral, uma joia de boa qualidade possui 18 quilates. Isso significa que cerca de 75% do peso da joia é de ouro. O restante é de materiais menos nobres, como o cobre, usado para dar forma à peça.

Para calcular seu preço, a loja usa a cotação de venda do ouro puro (24 quilates) do dia, aplica um desconto pela compra (da mesma forma como acontece com o dólar, o preço de compra pela casa de câmbio é sempre menor que o de venda) e, por fim, multiplica esse preço pelo teor de pureza da joia.

Por exemplo, se o grama de ouro puro vale hoje R$ 150 para venda, e o desconto praticado em uma loja para compra é de 2%, então a loja pagará o equivalente a R$ 148 por grama de ouro puro. Se a joia tiver 18 quilates (75% de ouro), o valor de compra será multiplicado por 0,75. Logo, a loja pagará R$ 111 por grama da joia.

Mercado informal apresenta riscos

É muito comum ver no centro das grandes cidades brasileiras os chamados “homens-sanduíches”, que vestem cartazes indicando lojas que compram ouro. Em geral, essas lojas oferecem preços mais atraentes do que a média do mercado.

Fique atento aos procedimentos adotados pela loja. A desmontagem e a pesagem das joias devem ser feitas na frente do cliente. Nunca perca suas joias de vista. Se tiver dúvidas sobre a aferição da balança, leve as peças em outro local e confira o peso.

A recomendação dos especialistas é que o proprietário de joias procure joalherias renomadas ou distribuidoras de valores especializadas em ouro que sejam credenciadas pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e pelo Banco Central.

RS é o maior exportador de pedras preciosas do Brasil

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