Quanto ganha um trader? Saiba o que é e como trabalhar no mercado
O trader é aquela pessoa que opera na bolsa de valores comprando ou vendendo ativos - ações, opções e alguns tipos de contratos - a curto ou médio prazo. Há duas estratégias diferentes quando se fala de trader: o Swing Trader e o Day Trader.
Aqueles que compram e vendem ações no mesmo dia são chamados de Day Trader. Já os que compram e vendem no curto a médio prazo, podendo ser dias ou semanas, são os Swing Trader.
Roberto Kanter, economista e professor de MBAs da Fundação Getúlio Vargas (FGV), explica que o trader opera diariamente. "Ele tenta comprar um produto, uma ação mais barata de manhã e vender um pouco mais caro à tarde ou ele compra uma ação de manhã mais alta e tenta vendê-la à tarde se ela cair", ou seja, seu resultado é diário, diferentemente do investidor clássico, que investe no papel e espera receber o retorno no futuro.
Saiba mais sobre o que faz o trader
Como é o dia a dia de um trader?
Independentemente da estratégia seguida, o trader lida com o mercado financeiro fazendo operações de compras e vendas, visando o ganho de dinheiro. "O trader habitualmente não trabalha com títulos de governo. Ele é um operador de bolsa", explica Kanter.
O professor de Economia da Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP), Johnny Silva Mendes, conta que geralmente os traders têm um emprego, além das operações. "Vamos pensar em um empregado assalariado. Se ele entra às 10h no trabalho, ele pode operar o day trader das 09h às 10h. É esse o trabalho deles. É um trabalho extra, não tem uma remuneração fixa", exemplifica.
Quanto ganha um trader?
O trader não tem uma remuneração ou um salário fixo. Dessa forma, o valor que ele consegue por mês depende de suas operações e do quanto é investido.
"O trader em média recebe de 2% a 10% sob o montante de dinheiro que ele negocia. Então, se ele negocia algo em torno de R$ 500 mil reais, ele possivelmente vai receber em torno de R$ 10 mil a R$ 50 mil por mês", explica Kanter.
Segundo uma pesquisa publicada pela FGV em 2019, e atualizada em 2020, de um total de 98.378 operadores de Day Trader, apenas 127 deles conseguiram lucro bruto diário médio acima de R$ 100 por mais de 300 pregões. Ou seja, somente 0,1% teve retorno positivo consistente.
Por que tanta gente está interessado em ser trader?
Mendes diz que parte desse interesse por trader é devido à comunicação estar mais fluida e, assim, conseguir divulgar melhor os diversos tipos de investimentos. "Você consegue por meio de um celular ver uma notícia e você descobre 'olha, tem gente que está ganhando, tem gente que está perdendo. Será que eu tenho essa aptidão?'".
Outro ponto que o professor levanta é o fato da renda dos brasileiros ter crescido nos últimos 20 anos. "Pelo fato da renda ter crescido, o PIB do país ter crescido, a renda familiar e a educação terem aumentado, isso permite que, seja por educação, seja pelo aumento da renda, as pessoas comecem a buscar alternativas de investimento. E aí, aquela poupança que era algo tradicional começa a não ser a única opção de investimento", explica.
Trader sempre tem um bom retorno dos investimentos?
"Acho que as pessoas têm uma tendência a dizer que só ganham, mas ninguém assume quando perde. Mas se você investir muito dinheiro, possivelmente você vai ganhar", opina Kanter.
O economista ainda completa dizendo que tem gente que usa várias ferramentas de predição para tentar adivinhar o comportamento das ações.
Portanto, tome cuidado com esses grandes retornos que são vistos nas redes sociais, pode ser uma cilada. Como é o caso de um economista e digital influencer que prometeu retorno de até 10% ao mês e acabou tendo prejuízo de R$ 30 milhões após uma operação errada.
Quais os riscos de ser trader?
Kanter explica que um trader está à mercê do mercado que é de altíssimo risco, extremamente volátil e dinâmico. Dessa forma, sempre há como perder tudo o que foi investido.
"É importante que o trader também diversifique e não coloque todos os ovos numa só ação ou mesmo num só segmento. Estudar dois, três, quatro segmentos de mercado diferente e operar cada um deles é importante", indica.
"O cuidado é você não entrar como leigo. Não acreditar que isso é sorte, isso é estudo. Você tem que olhar para as curvas, tendências, entender o mercado. Por isso, que ao invés de você olhar para tudo, o ideal é você escolher uma área de mercado, um segmento de mercado, estudar e começar a comprar e vender ações desse segmento. Quanto mais segmentos você dominar, mais ampliado, menos risco você vai ter", alerta Kanter
Como virar um trader?
Não precisa ter nenhum tipo de formação, nem universitária, nem ensino médio completo e nem certificação para se tornar um trader.
Kanter e Mendes acreditam que o primeiro passo é entender o mercado financeiro antes de começar a investir. Ambos recomendam fazer os cursos gratuitos fornecidos por diversas instituições, como ANBIMA, FGV, XP ou na própria Bolsa de Valores brasileira, a B3.
"Fazer cursos para entender do mercado de risco que envolve bolsas, commodities, mercados à vista e mercados de longo prazo, as opções e as derivações desse mercado para poder operar", indica Kanter.
Além disso, o economista ainda recomenda começar devagar e com pouco. Dessa forma, você ganha confiança e começa a entender o mercado financeiro.
Mendes reforça a importância de estudar na prática. "Ao invés de pagar um curso básico para te ensinar a investir na bolsa e gastar R$ 100, talvez você aprenda tão quanto se pegar esses R$ 100 e colocar em uma corretora que não cobra corretagem".
Outro ponto importante é ser especialista em um determinado segmento de mercado, como varejo, energia, distribuição e saúde. Escolha áreas do mercado em que tem uma afinidade e se torne especialista nelas.
Escolher uma empresa e estudar sobre ela também é relevante. Toda empresa de capital aberto tem que deixar todos os seus dados abertos. Portanto, aproveite e dê uma olhada no site de Relacionamento com Investidores da empresa que te interessa. Lá você irá encontrar a reunião de apresentação dos resultados da companhia, a expectativa do próprio CEO e do próprio diretor financeiro da empresa.
E lembre-se: nunca coloque todo o seu dinheiro na Bolsa. Opere os ativos com uma pequena porcentagem do seu salário ou daquilo que você tem. Dessa forma, você não ficará sem nenhum "tostão".
Fonte: Johnny Silva Mendes, professor de Economia da Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP); e Roberto Kanter, economista e professor de MBAs da Fundação Getúlio Vargas (FGV)
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