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Rendimento médio de ETFs cai 14% no ano; é melhor investir em fundos agora?

Veja vantagens e desvantagens dos ETFs, segundo profissionais de mercado, produto que compete com fundos de investimento - Adobe
Veja vantagens e desvantagens dos ETFs, segundo profissionais de mercado, produto que compete com fundos de investimento Imagem: Adobe

João José Oliveira

Do UOL, em São Paulo

23/06/2022 11h00

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Depois de seis anos de crescimento de negócios, os ETFs (sigla em Inglês para Exchange Traded Funds) negociados na Bolsa brasileira B3 apresentam em 2022, até maio, queda de patrimônio e de investidores. ETFs são uma espécie de cesta de investimento com vários ativos. Em rendimento também, esses ativos estão apresentando baixa para a maior parte deles. Na média do setor, a queda é de 14,2% nos cinco primeiros meses do ano. Como comparação, o Ibovespa teve alta de 6,22% até maio. Segundo profissionais de mercado, essa retração é provocada pela desvalorização de ações nos mercados brasileiro e global, que representam 87% desses negócios.

Essa retração não compromete o desenvolvimento desse produto no Brasil ao longo dos últimos anos, dizem profissionais de mercado. Eles destacam que continua havendo lançamentos de novos produtos no país e que, apesar do desempenho médio negativo para esse tipo de investimento este ano no Brasil, alguns ETFs apresentam ganhos. Veja abaixo.

Crescimento dos ETFs entre 2016 e 2021

ETFs representam um tipo de fundo de investimento negociado em Bolsa e que são espelhados em índices.

Por reproduzir a composição de índices, os ETFs apresentam um desempenho que acompanha os ativos que fazem parte do índice de referência.

Os índices que os ETFs espelham podem ser índices de ações da Bolsa brasileira ou do exterior, podem ser de empresas de um mesmo setor (de commodities, financeiro, ou de tecnologia, por exemplo), de companhias que têm características em comum (pagadoras de dividendos ou que seguem as políticas de ESG), ou ainda índices formados por fundos imobiliários, metais ou criptomoedas.

Patrimônio dos ETFs na Bolsa brasileira B3

  • 2016: R$ 4 bilhões
  • 2017: R$ 7 bilhões
  • 2018: R$ 12 bilhões
  • 2019: R$ 30 bilhões
  • 2020: R$ 38 bilhões
  • 2021: R$ 50 bilhões
  • 2022: R$ 39 bilhões (até maio)

Investidores em ETFs na Bolsa B3

  • 2016: 22 mil
  • 2017: 27 mil
  • 2018: 47 mil
  • 2019: 127 mil
  • 2020: 288 mil
  • 2021: 595 mil
  • 2022: 482 mil

Juros influenciaram procura por ETFs

Entre 2016 e 2021, a taxa básica de juros caiu de 14,25% para 2%. Essa queda levou milhões de brasileiros a trocarem aplicações de renda fixa por produtos na Bolsa, como ações e fundos imobiliários. Os aplicadores pessoas físicas saltaram de 484 mil, em 2016, para 3 milhões.

Essa maior quantidade de investidores na Bolsa abriou espaço para o lançamento de mais produtos, como Fundos de Investimento Imobiliário (FIIs), BDRs e ETFs, dizem profissionais de mercado, diz Gabriel Verea, ceo da Teva Indices, empresa financeira e de tecnologia especializada na criação de índices para ETFs.

Agora, como os juros voltaram a subir, a procura pela renda fixa voltou a crescer, afetando os investimentos em renda variável, incluindo os ETFs, afirma Rodrigo Knudsen, gestor da Vitreo Investimentos.

Veja o desempenho de alguns ETFs em 2022

Os ETFs de ações nacionais apresentam os melhores retornos em 2022, com desempenho médio de 6,8%, segundo levantamento feito pela Teva Índices para o UOL.

No mesmo período, ETFs de ações internacionais apresentaram queda de 28,4%.

A segunda classe de ativos que mais se valorizou no período foi renda fixa, com uma valorização média de 4,1% neste ano.

Ativos alternativos, que incluem ETFs de criptos e de ouro, por exemplo, têm a maior queda, com recuo médio de 40,9% em 2022. A maior parte desse resultado pode ser explicada pelo desempenho dos ETFs de criptoativos, que se desvalorizaram 47, 7% no período, diz o ceo da Teva Indices, Gabriel Verea.

Veja abaixo os desempenhos de alguns dos ETFs mais negociados na Bolsa brasileira dentro de sua categoria (no ano até 31/05/2022), segundo levantamento da Teva Indices.

Mercado consolidado

Mas, segundo esses especialistas, a demanda pelo ETF deve recuperar a trajetória de crescimento por conta de algumas vantagens que ele apresenta em relação aos tradicionais fundos de investimento, mais usados no Brasil.

Nos Estados Unidos, os ETFs representam cerca de 25% do patrimônio investido em fundos, enquanto no Brasil, esse produto responde por menos de 1%, mesmo após ter apresentado forte crescimento nos últimos seis anos.

Diferenças entre ETFs e fundos

Os ETFs são aplicações que concorrem com os fundos passivos, ou seja, aquelas carteiras que também acompanham índices. Assim como nas corretoras e bancos, por exemplo, a pessoa pode aplicar em fundos que seguem o Ibovespa, principal índice de ações da Bolsa brasileira B3, também há na Bolsa diversos ETFs que seguem o mesmo indicador acionário, como o BOVA11.

Para começar a investir em ETFs, é preciso primeiro ter conta em uma corretora.

Os ETFs, que são identificados na Bolsa B3 por um código formado por quatro letras e o final 11, apresentam algumas diferenças em relação aos fundos, dizem profissionais desse mercado, que devem ser consideradas pelo aplicador.

Liquidez: Por ser negociada na Bolsa, o aplicador consegue solicitar o resgate e receber o dinheiro em dois dias. Alguns fundos de renda variável podem exigir do cotista mais tempo que isso para efetivar o saque.

No resgate de um fundo, o gestor tem que vender ativo para então o aplicador resgatar o valor da cota. No ETF, esse processo tem mais agilidade porque ocorre a venda do ETF para outro aplicador. O aplicador consegue zerar a posição no mesmo dia, mesmo em momentos de volatilidade.
Rodrigo Knudsen, gestor da Vitreo Investimentos

Taxas: As taxas cobradas nos ETFs costumam ficar abaixo de 1%, sendo que muitas corretoras praticam taxa zero de corretagem. Já fundos de ações e multimercados que cobram em média 2% de taxa de administração.

Come-cotas: Os ETFs não sofrem a cobrança do come-cotas, antecipação do recolhimento de Imposto de Renda que ocorre duas vezes ao ano, no último dia de maio e de novembro, sobre fundos de renda fixa, cambiais e multimercados. Essa antecipação reduz o bolo sobre o qual o patrimônio do cotista vai render.

Imposto: Todos os ETFs pagam a mesma alíquota, que é de 15% sobre o ganho apurado na negociação do ativo. Nos fundos de investimento, a alíquota cobrada varia de acordo com o prazo do investimento, indo de 15% (acima de 2 anos) a 22,5% (menos de 6 meses). O complicador é que o investidor precisa gerar um DARF para todos os meses que houver ganhos de capital na venda desses ativos. O lado bom é que o aplicador pode descontar o imposto em um mês se tiver apurado perda em um período anterior.

Em nossas simulações, vimos que em 30 anos, uma taxa 2% pode comer de 60% a 70% de todo valor gerado pela aplicação. Então, tem muito valor para o investidor buscar reduzir as taxas pagas na aplicação.
Gabriel Verea, ceo da Teva Indices

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