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| | | | Qual o impacto ambiental de tantos jatos particulares? | | Olá! Na edição desta semana da newsletter Todos a Bordo, falo sobre uma preocupação crescente com o setor da aviação: O impacto ambiental das viagens de avião, em especial, jatos particulares. Um voo em um jato privado, proporcionalmente, polui muito mais por passageiro transportado que um voo comercial em uma linha aérea, por exemplo. E parece que as pessoas estão se conscientizando disso e pressionando celebridades, milionários e empresas sobre a importância do uso racional desse meio de transporte. Também trago uma lista com os famosos considerados os maiores poluentes com seus jatos, além de notícias mais recentes do mundo da aviação. Boa leitura! PUBLICIDADE | | | Celebridades são criticadas por voar muito de jatinho | Na semana passada, Bernard Arnault, CEO da empresa do segmento de luxo LVMH (Moët Hennessy Louis Vuitton), disse em entrevista à rádio francesa Classique que vendeu o jato particular que utilizava. "Ninguém pode saber para onde vou porque agora eu freto aviões", disse o executivo, que também afirmou que somente usa esse meio de transporte quando necessário. A medida vem após longa pressão feita por meio das redes sociais sobre o impacto ambiental que as viagens no avião vinham causando. O fato é que a quantidade de emissões de gases nocivos ao meio ambiente por passageiro transportado é maior nesses aviões particulares. Segundo a ONG europeia Transporte e Meio Ambiente, apenas 1% da parcela mais rica da população é responsável por 50% da poluição gerada pelo modal aéreo. Ao mesmo tempo, jatos privados poluem entre cinco e 14 vezes mais que um voo comercial. Sem carona | Kylie Jenner e Kim Kardashian posam em seus jatos particulares | Imagem: Montagem/Reprodução |
Diversas celebridades vêm sendo criticadas pelo uso indiscriminado de jatos. Em julho, o avião da socialite Kim Kardashian fez um voo de apenas dez minutos nos Estados Unidos. Embora não esteja claro se ela estava a bordo ou não, estima-se que foi emitida mais de uma tonelada de gás carbônico (CO2) nesse curto intervalo. A socialite também se envolveu em outra polêmica em maio quando ela e sua irmã, Kylie Jenner, foram cada uma em seu próprio jato para o casamento de outra irmã, Kourtney Kardashian, ocorrido na Itália. O itinerário de ambas foi bem similar (origem e destino), mas uma não deu carona para a outra. O avião de Jenner também foi flagrado por sistemas que acompanham os voos dos jatos das celebridades em redes sociais percorrendo distâncias curtas. Em um deles, o seu avião pousou em um aeroporto a menos de 20 km de sua casa e partiu em seguida para outro, a 40 km de distância dali, próximo à sede de sua empresa de cosméticos. O voo durou 17 minutos, e o trajeto de carro duraria cerca de 50 minutos, com uma emissão de poluentes bem menor. Esses voos, entre outros, vêm sendo criticados não só por ambientalistas, mas por pessoas que se mostram incomodadas com a postura adotada por famosos, ainda mais os que dizem se preocupar com o aquecimento global. | Veja o Top 10 de maiores poluidores | Em agosto, a agência de marketing britânica Yard, divulgou um ranking com as celebridades que mais poluem com o uso de jatos particulares. Veja a lista do quanto de gás carbônico os jatos de cada celebridade emitiu do início de 2022 até o dia 19 de julho: - Taylor Swift - 2.971,50 toneladas
- Drake - 2.904,25
- Floyd Mayweather - 2.205,22 toneladas
- Jay-Z (em parceria com a Puma) - 2.107,72 toneladas
- Kim Kardashian - 1.752,51 toneladas
- A-Rod - 1.731,10 toneladas
- Steven Spielberg - 1.485,69 toneladas
- Mark Wahlberg - 1.443,27 toneladas
- Blake Shelton - 1.357,85 toneladas
- Jack Nicklaus- 1.129,66 toneladas
Os cálculos feitos pela Yard levam em conta o consumo de combustível por hora de voo de cada aeronave (algumas consomem muito mais do que outras). Também é importante dizer que, não necessariamente, as celebridades estavam presentes em cada voo. Alguns desses voos costumam ser realizados para manutenção e, em outras situações, apenas para armazenar o avião em locais onde o aluguel de um hangar é mais barato. CompensaçãoPara Ricardo Rosário, advogado da área ambiental do escritório SFCB, é preciso diferenciar se quem viaja está fazendo isso pela empresa em que trabalha ou para uso pessoal apenas. Cada uma dessas modalidades vai ter um impacto diferente em como a viagem é vista, se é fundamental ou dispensável, por exemplo. "O ideal é quem está voando fazer um inventário de emissões de gases do efeito estufa. Com isso, é possível realizar as compensações, com compras de créditos de carbono ou outras medidas" Ricardo Rosário, advogado da área ambiental do escritório SFCB O advogado ainda afirma que quem for voar tem de ficar atento a três escopos relacionados às poluições que a operação pode causar: - Diretas, que são aquelas em decorrência do próprio voo, com a emissão pelos motores do avião, por exemplo. - Indireta, que são aquelas emissões ligadas ao consumo de energia relacionadas ao voo - Ainda há um outro tipo de emissão indireta, que é aquela realizada pelos fornecedores ligados ao voo, como empresas que abastecem o avião, operadores aeroportuários, entre outras Tendo isso em mente e fazendo um planejamento adequado, diz Rosário, a questão ambiental pode ser mais facilmente contornada, incluindo o uso mais racional desses voos. Também é possível que essas celebridades se adaptem a planos de redução de emissão de carbono, como o Corsia (Carbon Offsetting and Reduction Scheme for International Aviation ou Esquema de Compensação e Redução de Carbono para a Aviação Internacional). Nesse programa, o objetivo é o setor da aviação manter seu crescimento sem aumentar a emissão de poluentes e com a consequente compensação das emissões. | Como é o rastreamento? | Os aviões podem ser rastreados por meio de dispositivos de localização chamados transponders, que usam uma tecnologia chamada ADS-B (Automatic Dependent Surveillance-Broadcast ou transmissão de vigilância dependente automática). Ela registra a localização da aeronave (que é definida, geralmente, por coordenadas GPS) e envia o sinal contendo, além da posição do avião, dados como velocidade, rumo, altitude e características do avião. Essas informações são captadas por antenas no solo e processadas por diversas plataformas de rastreamento, como o Flightradar24 ou o ADS-B Exchange. Jack Sweeney, um jovem da Flórida (EUA), criou uma conta no Twitter onde monitora os voos realizados por diversas celebridades, governos, empresas e milionários a partir desses dados. Essa prática irritou algumas personalidades, como Elon Musk, dono das fabricantes Tesla (automóveis) e SpaceX (sistemas aeroespaciais). O empresário chegou a oferecer US$ 5.000 no começo do ano para que seu jatinho parasse de ser rastreado, mas a proposta não foi aceita pelo jovem. O trabalho de Sweeney também gerou incômodo entre outros famosos. Muitos alegam o desejo de manter o sigilo dos voos por questão de segurança e segredo empresarial. Entretanto, com os dados públicos, a pressão por uma prática ambiental mais sustentável caiu com força sobre as celebridades. | RAPIDINHAS DA AVIAÇÃO | FEIRA NOS EUA TRAZ NOVIDADES | Imagem: Divulgação/Honda Jet |
Durante a semana passada, a Associação de Aviação Executiva dos EUA (NBAA, na sigla em inglês) promoveu uma feira onde foram divulgadas diversas novidades do setor. Uma delas foi o lançamento do HondaJet Elite 2. Ele pode levar até sete passageiros, e seu principal diferencial está nos motores, que ficam presos à asa por meio de suportes que os deixam afastados da estrutura do avião, diminuindo o ruído interno. Sua velocidade chega a 782 km/h, e ele consegue voar a uma distância de até 2.865 km sem precisar parar para reabastecer. NOVO CONCEITO DA EMBRAER | Imagem: Divulgação/Embraer |
Ainda durante a feira, a Embraer divulgou um conceito de avião executivo autônomo, pensando no futuro da aviação. Baseado nas características do atual jato Praetor 600, o avião traria inovações como ser sustentável (movido hidrogênio ou eletricidade, por exemplo). Ele também poderia ser integrado ao sistema de mobilidade aérea, o mesmo que deverá gerenciar o tráfego dos carros voadores, os eVTOLs (sigla em inglês para aeronaves de decolagem e pouso vertical). O objetivo é mostrar o que é possível ser desenvolvido com as inovações do setor no futuro, e não significa que este é um novo modelo de avião que a fabricante brasileira está desenvolvendo no momento. | | | |
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