Museu de História Natural de NY cancela jantar em homenagem a Bolsonaro
Nova York, 16 Abr 2019 (AFP) - O Museu de História Natural dos Estados Unidos, com sede em Nova York, anunciou nesta segunda-feira (15) o cancelamento de um jantar em homenagem ao presidente Jair Bolsonaro, agendado para maio.
"Com respeito mútuo pelo trabalho e metas de nossas organizações individuais, acordamos conjuntamente que o museu não é o local ideal para o jantar de gala da Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos", anunciou o museu em sua conta no Twitter.
"Este evento tradicional será realizado em outro local, no dia e em hora previstos", acrescentou.
Bolsonaro foi escolhido para receber o prêmio de Personalidade do Ano da Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos em seu jantar de gala, em 14 de maio próximo.
A cada ano, a câmara escolhe duas personalidades, uma brasileira e outra americana, e as premia em seu jantar de gala para mais de 1.000 pessoas, ao preço individual de 30.000 dólares, com entradas esgotadas.
A Câmara não respondeu aos telefonemas da AFP para comentar a informação, nem anunciou o novo local da festa.
Após um tsunami de queixas pela homenagem a Bolsonaro em sua sede, entre outros de ativistas ambientais, o museu expressou na semana passada preocupação com o tema e indicou que estava reconsiderando-o.
Treze representantes de povos indígenas brasileiros denunciaram na semana passada uma carta aberta que a política ambiental de Bolsonaro os deixou à beira de um "apocalipse".
"Este governo quer monopolizar toda a Amazônia e sangrá-la ainda mais, construindo novas estradas e ferrovias", alertaram dois caciques dos povos Kariri Xocó e Kayapó.
Desde que assumiu o poder em 1º de janeiro, Jair Bolsonaro implantou políticas contrárias à demarcação de terras indígenas e às ONGs que combatem o aquecimento global.
Assim que tomou posse, Bolsonaro transferiu ao ministério da Agricultura a sensível questão da demarcação de terras indígenas e o serviço de vigilância florestal, despertando as críticas de organizações indigenistas e de defesa do meio ambiente.
O presidente, eleito com mais de 55% dos votos, após uma campanha dominada por discursos anticorrupção e de linha-dura contra a criminalidade, também é acusado de racismo e homofobia depois de polêmicas declarações públicas.
No ano passado, foram premiados no museu o ex-prefeito de Nova York, o bilionário Michael Bloomberg, e o então juiz Sergio Moro, encarregado da operação Lava Jato, hoje ministro da Justiça e Segurança Pública de Bolsonaro.
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