Cubanos começam 2021 com dura realidade do aumento dos preços
Havana, 5 Jan 2021 (AFP) - Raíssa teve de voltar para casa em busca de mais dinheiro para completar suas compras, Arturo diz que o preço do ônibus é um "abuso", e Norma não entende por que as lojas não aceitam mais pesos conversíveis. Os cubanos enfrentam, ansiosos, sua nova realidade.
Com o fim do período natalino, os cubanos retornaram na segunda-feira (4) às suas atividades com um forte aumento dos preços, incluindo os dos alimentos e da eletricidade. A mudança é consequência de uma complexa reforma econômica impulsionada pelo governo desde 1o de janeiro, que também gerou um aumento de salários (525% no caso do salário mínimo).
Muito perto das ruas 12 e 23 em El Vedado, Raísa Lemus faz a compra do mês.
"Estou apertada, um pouco apertada", diz ela com uma sacola de comida nos braços que não é nem a metade do que esperava comprar na bodega, local onde os cubanos se abastecem com alimentos básicos subsidiados com a caderneta de racionamento que todos têm direito.
Entre as medidas implementadas pelo governo, está a unificação do peso conversível (CUC) e do peso cubano (CUP), as duas moedas que regem a ilha há 26 anos.
Apesar de as autoridades terem alertado que o CUC sairia de circulação em um prazo de seis meses, na segunda-feira vários estabelecimentos colocaram placas que diziam: "A partir de 1o de janeiro, a venda será apenas em CUP", a moeda que permanecerá.
Embora os cidadãos tenham semanas para assimilar as mudanças, nas ruas e nas redes sociais não se fala de outra coisa senão dos preços altos, das lojas que aceitam uma moeda, ou outra, ou do medo de que os CUC depositados nos cartões para combustível sejam automaticamente convertidos em CUP, um por um, reduzindo drasticamente seu valor.
- Cálculo da cesta subestimado -Segundo Ricardo Torres, economista da Universidade de Havana, um dos grandes problemas é que o aumento dos salários não é homogêneo, enquanto os preços e tarifas aumentaram várias vezes. O pão, símbolo de igualdade para os cubanos, passou de cinco centavos para um peso.
A taxa da eletricidade subiu de nove pesos para 32,78 pesos (1,3 dólar) para os que gastam 100 kilowatts/hora por mês. Para os que consomem o dobro, será de 157,78 pesos (6,54 dólares).
"O cálculo da cesta básica de bens e serviços está subestimado, o que representa o gasto básico de uma família", aponta o acadêmico, que considera que os mais afetados serão muitos dos que não têm um emprego formal no setor público.
"São muitas mudanças, temos que esperar para ver o que acontecerá", diz Lianet Rodríguez, uma mulher dedicada ao cuidado de seus três filhos pequenos que admite estar "bastante preocupada" e planeja voltar a trabalhar.
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