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Fracasso americano: por que Boeing nunca conseguiu ter o seu Concorde?

Os Estados Unidos sempre foram um dos países mais inovadores na indústria aeronáutica, mas há um fato que gera grande frustração há quase cinco décadas. O país nunca conseguiu ter um avião supersônico de passageiros e perdeu a corrida para russos, franceses e britânicos.

Depois de um consórcio franco-britânico anunciar o desenvolvimento de um avião supersônico de passageiros, chamado de Concorde, o presidente dos Estados Unidos na época, John F. Kennedy, avisou que os norte-americanos também entrariam na briga. A Boeing e a Lookheed Martin começaram uma disputa para receber o financiamento do projeto.

A Boeing foi a escolhida para fazer o desenvolvimento do avião e chegou a construir uma maquete em tamanho real da aeronave na fábrica da Boeing em Seattle (EUA).

O jato supersônico da Boeing teria 96,9 m de comprimento, seria capaz de atingir até 2,7 vezes a velocidade do som e voar acima de 18 km de altitude. O nariz pontiagudo e alongado seria abaixado durante os pousos e decolagens para melhorar a visibilidade dos pilotos.

Apenas uma maquete do modelo chegou a ser construída
Apenas uma maquete do modelo chegou a ser construída Imagem: Divulgação

Chamado de 2707, o projeto da Boeing enfrentou sérias dificuldades. Concorrendo com russos e com o consórcio franco-britânico, a Boeing não só queria sair na frente como também desenvolver um avião mais avançado. O problema é que isso exigia uma tecnologia muito além do que já havia sido feito até então.

O resultado é que a Boeing não conseguiu resolver todos os problemas e viu seus concorrentes saírem na frente. Primeiro, foram os russos com o voo inaugural do Tupolev TU-144 em 31 de dezembro de 1968. No ano seguinte, o consórcio franco-britânico fez o primeiro voo do Concorde em 2 de março de 1969.

Com o fracasso do projeto 2707, a Boeing foi obrigada a abandonar o desenvolvimento de seu avião supersônico de passageiro em 1971. A empresa afirma, no entanto, que nem todo o trabalho foi em vão, já que os estudos ajudaram no desenvolvimento de outros produtos da empresa.

Apesar de nunca ter saído do papel, o supersônico 2707 da Boeing chegou a receber 122 encomendas de 26 companhias aéreas.

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*Com reportagem de fevereiro de 2020

Errata:

o conteúdo foi alterado

  • Diferentemente do informado na versão original da reportagem, o investimento da Boeing no AS2 da Aerion não existe mais desde 2021, quando a empresa que desenvolvia o avião interrompeu suas operações. Ao mesmo tempo, a reportagem foi creditada de maneira equivocada ao colunista de aviação do UOL. As informações foram corrigidas.

Reportagem

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