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Apesar da covid, maior fundo soberano do mundo ganhou EUR 100 bilhões em 2020

28/01/2021 09h54

Oslo, 28 Jan 2021 (AFP) - O fundo soberano da Noruega, o maior do mundo, somou mais de 100 bilhões de euros em ganhos em 2020, conforme as esperanças geradas pelas vacinas anticovid foram superando a turbulência causada pela pandemia.

Impulsionado principalmente pelos mercados financeiros, em particular ações de tecnologia como Apple e Amazon, o fundo teve um retorno de 10,9% no ano passado, anunciou nesta quinta-feira (28) o Banco da Noruega, que supervisiona sua gestão.

Inflado por um faturamento total de 1,070 bilhão de coroas (101,5 bilhões de euros), o segundo maior de sua história em números absolutos, seu valor atingiu a soma astronômica de 10,914 bilhões de coroas (1,035 trilhão de euros) no final de dezembro.

"Embora a pandemia tenha deixado sua marca em 2020, foi mais um bom ano para o fundo", resumiu seu presidente, o governador do banco central, Øystein Olsen.

Além das desastrosas consequências para a saúde, a pandemia e as restrições que ela trouxe mergulharam o planeta na recessão, destruindo milhões de empregos e causando inúmeras falências.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) estimou esta semana em US$ 22 trilhões - mais de 17 vezes o valor do fundo soberano norueguês - as perdas que o vírus causará no PIB global entre 2020 e 2025.

Se a economia mundial se contraiu 3,5% no ano passado, de acordo com as últimas estimativas do FMI, os mercados de ações, apesar das enormes flutuações, mantiveram-se bem.

Tanto é que a instituição de Washington alertou quarta-feira contra uma desconexão entre a economia real e os mercados.

Coletando receitas públicas do petróleo para financiar os gastos futuros do generoso Estado de Bem-Estar social norueguês, o fundo soberano da Noruega registrou em 2020 um ganho de 12,1% em seus investimentos de capital, que representam 72,8% de sua carteira.

Quase todos esses ganhos foram obtidos no quarto trimestre "com notícias positivas sobre a vacina", informou o número dois do fundo, Trond Grande, em entrevista coletiva.

Para os investidores, as campanhas de vacinação pressagiam, em médio prazo, a volta à normalidade.

- Riscos de correção -Presente no capital de cerca de 9.200 empresas, o fundo norueguês detém o equivalente a 1,5% da capitalização mundial.

"As empresas de tecnologia registraram o maior retorno em 2020, com ganhos de 41,9%. Isso se deve, principalmente, à pandemia que gerou um aumento maciço na demanda por produtos on-line para trabalho, educação, comércio e entretenimento", sublinhou o diretor do fundo, Nicolai Tangen.

Os gigantes tecnológicos americanos também são os que mais contribuíram para o desempenho financeiro, com Apple (receita de 84 bilhões de coroas), Amazon (51 bilhões) e Microsoft (41 bilhões). Tesla vem logo atrás, com 36 bilhões.

Já as ações de petróleo, gás e financeiras afetaram negativamente os resultados do fundo.

Geograficamente, as melhores atuações foram registradas nos Estados Unidos e na China, enquanto o Reino Unido, em meio ao Brexit, resultou em perdas de cerca de 70 bilhões de coroas.

Os investimentos obrigacionistas (24,7% dos seus ativos) tiveram um retorno de 7,5%, enquanto os imóveis não cotados (2,5% da carteira) permaneceram estáveis, com uma perda limitada a 0,1%.

"O alto rendimento (em 2020) também nos lembra que o valor do fundo pode variar muito no futuro", advertiu Olsen.

Suas palavras ecoam as de um número crescente de economistas que, em um cenário de turbulência nas bolsas de valores nos últimos dias, levantam a possibilidade de uma correção dos mercados.

No ano passado, o valor total do fundo norueguês, investido exclusivamente fora da Noruega, também se beneficiou, algo em torno de 58 bilhões, do enfraquecimento da coroa norueguesa em relação a várias moedas importantes.

Ao longo do ano, o governo norueguês retirou US$ 298 bilhões para apoiar a economia nacional e amortecer os efeitos da crise de saúde.

phy/hdy/oaa/mr/tt

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