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Alguns países da Europa voltam a receber gás russo pelo Nord Stream

21/07/2022 12h20

Berlim, 21 Jul 2022 (AFP) - A Rússia reabriu, nesta quinta-feira (21), o fluxo de gás para a Europa após uma suspensão das operações do gasoduto Nord Stream, mas Moscou mantém em mãos uma "arma" da qual a segurança energética da UE depende para enfrentar o próximo inverno.

Após dez dias da manutenção anual deste gasoduto, que liga os campos da Sibéria ao norte da Alemanha, a Europa temia que a gigante da energia Gazprom fechasse a torneira permanentemente.

A Rússia a reabriu, mas somente com 40% de sua capacidade, de acordo com os dados divulgados pelo operador alemão desta rede, Gascade, o que representa o mesmo nível de antes da manutenção.

Áustria e Itália também anunciaram que voltaram a receber o gás russo.

Klaus Muller, diretor da Agência Federal de Redes, entidade que regula a energia na Alemanha, confirmou que o fluxo está em torno de 40% de sua capacidade.

"A incerteza política e uma redução de 60% (na oferta) desde meados de junho infelizmente persistem", disse ele no Twitter.

"Não havia nenhuma razão técnica para que o Nord Stream não voltasse a funcionar em sua capacidade total após a manutenção", disse o ministro alemão da Economia e Clima, Robert Habeck, em entrevista coletiva, acusando a Rússia de ser "pouco confiável" e de "chantagear" a Europa.

Em um contexto de guerra na Ucrânia e conflito entre Moscou e os países ocidentais pela energia, o presidente russo Vladimir Putin usa o gás "como arma", denunciou na quarta-feira a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.

A Gazprom reduziu drasticamente suas entregas através do Nord Stream desde meados de junho, alegando a ausência de uma turbina em manutenção no Canadá.

O Nord Stream transporta aproximadamente um terço dos 153 bilhões de m3 de gás comprados anualmente pela UE. O gás é exportado a vários países europeus a partir da Alemanha.

- "Pretexto" -O funcionamento de 40% da capacidade do Nord Stream implica um risco de que o abastecimento seja insuficiente para empresas e indivíduos nos meses de inverno.

Para evitar uma grande crise, a Comissão Europeia propôs na quarta-feira um plano para reduzir a demanda do gás em 15% a curto prazo. Essa proposta, que deve ser debatida pelos países membros, levaria a limitar o aquecimento de alguns edifícios, adiar o encerramento de centrais nucleares e incentivar as empresas a reduzirem as suas necessidades.

A proposta já causa certo incômodo, principalmente na Espanha, que a considera injusta, apesar de o país depender muito menos do gás russo do que a Alemanha.

A Alemanha poderia chegar à escassez em fevereiro se o fluxo não aumentar, de acordo com as avaliações da Agência Federal de Redes. Uma interrupção do fornecimento de gás russo reduziria o valor do PIB em quase 5 pontos percentuais entre 2022 e 2024, segundo cálculos do Fundo Monetário Internacional (FMI).

Putin deu a entender nesta semana que o gasoduto poderia operar com 20% de sua capacidade a partir da semana que vem, alegando que uma segunda turbina também entrará em manutenção no final de julho.

A Alemanha considera que as entregas de gás tomaram um rumo "político" e que o problema das turbinas é um "pretexto".

A guerra na Ucrânia gerou uma disputa entre Rússia e os países ocidentais, que impuseram uma onda de sanções a Moscou. A Rússia culpa os ocidentais pelos problemas técnicos no fornecimento de gás à Europa.

"São as restrições que nos impedem de consertar os equipamentos, especialmente as turbinas nas estações de compressão", afirmou o porta-voz da Presidência, Dmitri Peskov, nesta quinta-feira.

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