IPCA
0,46 Jun.2024
Topo

Em tom jocoso, coluna do 'FT' diz que Mantega deve 'cair na real' e parar de criticar EUA

Alessandro Della Bella/AFP e Manuel Ceneta/AP
Imagem: Alessandro Della Bella/AFP e Manuel Ceneta/AP

12/01/2011 13h03

Personificando presidente do BC americano 'de mentirinha', coluna discorda de críticas de Mantega à política monetária dos EUA.

Uma coluna do diário financeiro britânico Financial Times publicou nesta quarta-feira, em tom de brincadeira, uma falsa carta do presidente do Banco Central americano, Ben Bernanke, ao ministro da Fazenda, Guido Mantega.

No texto da coluna Lex, o "falso" Bernanke diz que Mantega precisa "cair na real" e parar de criticar a política monetária americana. A coluna sugere que o Brasil também se beneficia das decisões dos EUA e, que, por consequência, as críticas de Mantega seriam injustas.

"O afrouxamento monetário é simplesmente uma forma de política monetária e as taxas de juros nos EUA estão baixas porque nossa economia está mais fragilizada que a sua. Quando o ambiente melhorar, enxugaremos a economia", diz o texto.

"O senhor não está exatamente sofrendo aí embaixo. Ou há algo mais preocupando o senhor que os mercados ainda não sabem?", diz a "carta".

Entrevista

Na última segunda-feira, o FT publicou uma entrevista com o ministro brasileiro, no qual Mantega acusou os Estados Unidos e a China de manter artificialmente baixas as suas taxas de câmbio.

No caso americano, a política do Federal Reserve, o BC americano, de manter uma quantidade maior de dinheiro em circulação para reativar a economia tem levado à desvalorização do dólar e reforçado a competitividade das exportações americanas.

Como consequência, a balança comercial brasileira com os EUA passou de um superavit anual de cerca de US$ 15 bilhões (R$ 25 bilhões) para um deficit de US$ 6 bilhões (R$ 10 bilhões).

Mantega, que cunhou o termo "guerra cambial" para designar as políticas de manutenção das taxas de câmbio, disse na entrevista que a economia global corre o risco de entrar em uma "guerra comercial" por conta das medidas.

Divergências

Discordando de Mantega nas críticas aos EUA, os editorialistas da coluna Lex, no entanto, concordam com o ministro brasileiro nas críticas à China.

O falso "Bernanke" sustenta que a chamada política de afrouxamento monetário do Fed não tem intenção de criar uma suposta guerra cambial, mas de manter os juros baixos para ajudar empresas e impulsionar o mercado imobiliário americanos.

"Se a diferença nas taxas de juros (entre EUA e Brasil) repentinamente virarem em nosso favor, os investidores podem parar de achar tão atrativo investir nos ativos brasileiros", argumenta o artigo.

"E o senhor na verdade precisa deste dinheiro temporário para ajudar a elevar o baixo nível de investimento, hoje um quinto do PIB, e equilibrar seu déficit em conta corrente."

Sobre a China, o "Bernanke" de brincadeira agradece a Mantega por também criticar a política chinesa de manter o yuan baixo.

"No fim das contas, o real está forte porque os preços das commodities estão altos, e isto se deve ao fato de a moeda chinesa estar sendo mantida artificialmente baixa."