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Brasil deve implementar ajuste fiscal 'na hora certa', diz FMI

03/05/2011 13h53

O corte no orçamento já anunciado pelo governo federal é um passo certo do Brasil na direção do equilíbrio fiscal, sendo crucial garantir que ele seja implementado "na hora certa", afirma o FMI (Fundo Monetário Internacional) em relatório divulgado nesta terça-feira.

O Fundo diz ainda que o ajuste fiscal pretendido pelo governo também será importante para implementar a já anunciada redução nos financiamentos concedidos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Em uma tentativa de conter os gastos públicos, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou, em fevereiro, um corte de R$ 50 bilhões no Orçamento. Os detalhes sobre esse ajuste fiscal, no entanto, ainda não foram divulgados pelo governo.

Segundo o relatório Panorama Econômico Regional: Hemisfério Ocidental, Em Alerta para o Superaquecimento, o FMI afirma que a América Latina continua crescendo "em um ritmo saudável", mas que o ambiente "com estímulo excessivo" na região traz um risco de superaquecimento.

Os sinais disso, segundo o Fundo, são a alta da inflação em muitos países, a expansão do deficit em conta corrente e a aceleração do crédito e dos preços dos bens duráveis.

Crédito

O FMI defende que os países da região não abandonem os esforços de conter os gastos públicos, embora ressalte a importância das ações tomadas para conter a expansão do crédito.

"Os países têm continuado a adotar e fortalecer as políticas macroprudenciais, embora isto não deva ser usado como um substituto para os ajustes das políticas macroeconômicas", afirma o relatório.

O Brasil adotou as políticas para tentar conter o crédito e reduzir a pressão inflacionária. Exemplos disso foram o aumento do compulsório dos bancos e a alta do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) em alguns tipos de transações.

Segundo o relatório, o Produto Interno Bruto (PIB) da América Latina projetado para 2011 fica em 4,75%, menor do que os 6% verificados em 2010.

"Atualmente, temos uma combinação única de fatores", diz o diretor do Departamento de Hemisfério Ocidental do FMI, Nicolás Eyzaguirre.

"Não há registro de outro período no qual as taxas de juros estiveram tão baixas por tanto tempo nas economias avançadas; a demanda da Ásia tem mantido os preços dos commodities em um nível alto; e as economias emergentes têm melhores fundamentos macroeconômicos do que no passado, tornando-os objetivamente mais atrativos para o capital externo."

Países emergentes e desenvolvidos

O relatório do FMI afirma que a economia global continua a se expandir de maneira desigual, com os países emergentes crescendo em ritmo maior do que os desenvolvidos.

Na América Latina, o Fundo vê "ventos favoráveis" para os países exportadores de commodities, devido à alta global dos preços destes produtos. Para as economias dependentes do mercado americano, segundo o estudo, a situação está melhorando, mas apenas gradualmente.

Quanto aos Estados Unidos, o Fundo vê chances menores de uma recessão profunda. No entanto, a falta de um plano bem definido de ajuste fiscal em médio prazo para o país pode, segundo o relatório, levar a uma alta de juros e, como consequência, a uma piora das condições financeiras globais.