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Mais rica da Austrália troca minério de ferro por alimento infantil, de olho na China

Tony McDonough/Efe
Imagem: Tony McDonough/Efe

David Stringer e Stephen Engle

14/11/2014 11h49Atualizada em 14/11/2014 18h11

14 de novembro (Bloomberg) -- Gina Rinehart, a bilionária australiana que construiu sua fortuna no setor de minério de ferro, está planejando um investimento de 500 milhões de dólares australianos (US$ 435 milhões) para fornecer fórmula infantil (alimento em pó para bebês) para um mercado chinês com previsão de quase dobrar nos próximos três anos.

A Hope Dairies, controlada pela Hancock Prospecting empresa de capital fechado de Rinehart, está procurando adquirir cerca de 5.000 hectares de terras agrícolas no Estado de Queensland e está mirando uma primeira produção no segundo semestre de 2016, segundo o coinvestidor e diretor Dave Garcia.

A medida surge em um momento em que as mineradoras australianas, incluindo a fundadora da Fortescue Metals Group, se expandem para a produção de alimentos para explorar a crescente demanda das classes médias da Ásia.

Isso posiciona Rinehart, a mulher mais rica da Oceania, a competir em um mercado de fórmula infantil na China, que deverá crescer depois que o país mais populoso do mundo relaxou sua política de filho único no ano passado.

"Há outras 50 milhões de bocas provavelmente vindo aí", disse Garcia. "Há espaço para todos nesse mercado, atualmente".

A Hope Dairies, que recebeu esse nome em homenagem à mãe de Rinehart, está buscando terras para pastagem na região de South Burnett, em Queensland, e uma unidade de processamento em Mary Valley. A fazenda de gado leiteiro, planejada para estar entre as maiores da Austrália, poderá produzir até 30 mil toneladas de fórmula por ano, disse Garcia, por telefone, de Hong Kong. A unidade também fornecerá leite UHT.

Toda a produção deverá ser exportada para a China e a empresa terá parceiros de investimento, incluindo uma entidade chinesa, disse Jason Morrison, porta-voz da Hancock Prospecting, de Rinehart, hoje, em entrevista à Bloomberg Television.

Morrison, que disse que Rinehart será dona de 70% da Hope Dairies, preferiu não identificar o parceiro chinês antes do anúncio oficial, programado para sábado (15).

Acordo de livre comércio

Um acordo de livre comércio com a China, que ampliaria as exportações de produtos lácteos, poderá ser assinado na semana que vem, disse o primeiro-ministro da Austrália, Tony Abbott, em entrevista, em 10 de novembro.

"Há uma enorme oportunidade para os processadores aqui", disse Michael Harvey, analista em Melbourne do Rabobank International, por telefone. "Os mercados offshore para fórmula infantil estão crescendo rapidamente e a China é o destaque, dado o tamanho da população e a taxa de nascimento que eles têm".

O mercado de fórmula infantil na China poderá crescer para 33 bilhões de dólares da Nova Zelândia (US$ 26 bilhões) até 2017, contra cerca de 18 bilhões de dólares da Nova Zelândia (US$ 14 bilhões) atualmente, segundo a Fonterra Co-operative Group, maior exportadora de produtos lácteos do mundo.

Padrões mais estritos

A operação planejada por Rinehart empregaria cerca de 400 pessoas, seguiria padrões rigorosos de biossegurança e produziria cerca 70% a 75% de seu próprio leite com um rebanho de aproximadamente 16 mil0 cabeças de gado Holstein, incluindo 10,5 mil vacas leiteiras, segundo Garcia. A Van Diemen's Land tem a maior operação de lácteos da Austrália, com uma ordenha de cerca de 19 mil vacas em fazendas na Tasmânia, segundo seu site.

A demanda na China poderá subir ainda mais porque a taxa de natalidade aumentará em 2 milhões ao ano devido à flexibilização da política de filho único, segundo a Comissão Nacional de Saúde e Planejamento Familiar. A urbanização poderá reforçar a demanda pela fórmula, porque as mães que moram em cidades têm menor probabilidade de amamentar do que as mulheres das áreas rurais, segundo a Organização Mundial da Saúde.

A Austrália produz pelo menos 70 mil toneladas de fórmula ao ano, segundo cálculos da Dairy Australia. A Murray Goulburn Cooperative, maior processadora de leite da Austrália, preferiu não revelar sua produção anual. A Bega Cheese disse em outubro que instalou uma nova fábrica para produzir até 16 mil toneladas de fórmula por ano.

"Eles serão dependentes das importações por um bom tempo e estão buscando conseguir material limpo e um material que se identifique com o mercado", disse Garcia. "O governo chinês quer fazer negócios conosco".