G20: Cobrança de imposto para bilionários geraria R$ 1 trilhão no mundo
O economista e professor francês Gabriel Zucman, diretor do Observatório Fiscal Europeu, apresentou nesta quinta-feira (29) para delegações do G20 uma proposta de criação de um imposto global para super-ricos.
O especialista em tributação defende o pagamento de uma alíquota mínima de 2% sobre a riqueza de bilionários. Segundo Zucman, há 3.000 pessoas em todo o mundo aptas a contribuir com esse imposto.
Qual seria o impacto na economia global?
Ele afirma que bilionários pagariam US$ 250 bilhões (R$ 1,2 trilhão) em impostos anualmente. Zucman apresentou os números na 1ª reunião de ministros de Finanças e presidentes de bancos centrais do grupo das maiores economias do mundo.
O economista declarou que as conversas estão ainda em estágio inicial. Porém, ressaltou que as conversas podem avançar positivamente no decorrer dos próximos meses, inclusive com a possibilidade de estabelecer uma taxa progressiva. Ele evitou falar em prazos e quais países possivelmente se oporiam ao imposto mínimo para super-ricos de todo o mundo, mas destacou que o ministro das Finanças da França, Bruno Le Maires, é favorável à ideia.
Zucman destacou que é possível fazer política com o apoio da maioria. Ele citou que 140 países apoiam a criação de um imposto global mínimo de 15% sobre os lucros de empresas multinacionais, proposta essa articulada pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico). No entanto, apenas 35 países adotaram tributações específicas sobre o tema, segundo ele.
É utópico acreditar que teríamos um acordo com o consenso total de todos os países. Mas é importante entender que não precisamos de um consenso global.
Gabriel Zucman, economista francês
O francês acredita que a cobrança desse imposto tornaria o mundo mais justo. Na avaliação dele, a evasão de pagamento de tributos por parte de bilionários põe em xeque o futuro da humanidade, uma vez que o pagamento dessa tributação poderia financiar políticas públicas voltadas à defesa do meio ambiente, por exemplo.
Haddad abraça a tributação mínima para super-ricos
A constituição de um imposto global para bilionários é uma defesa do Brasil no G20. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), afirmou ontem e hoje que esse grupo deve pagar uma contribuição "justa e progressiva". Foi ele quem convidou Gabriel Zucman para conversar com os chefes da economia do grupo.
Haddad acredita que bilionários contribuem pouco com impostos. Em seu discurso, ele usou como base um estudo do Observatório Fiscal da União Europeia sobre evasão fiscal para dizer que super-ricos pagam uma alíquota efetiva de impostos equivalente a entre 0 e 0,5%
O ministro brasileiro pediu que os países do G20 se esforcem para chegarem a uma resposta positiva. Ele disse que em espera construir uma declaração chancelada pelo grupo a respeito da tributação mínima até julho, quando está marcada a reunião ministerial no Rio de Janeiro.
Eu sinceramente me pergunto como nós, Ministros da Fazenda do G20, permitimos que uma situação como essa continue. Se agirmos juntos, nós temos a capacidade de fazer com que esses poucos indivíduos deem sua contribuição para nossas sociedades e para o desenvolvimento sustentável do planeta.
Fernando Haddad, ministro da Fazenda
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