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China fabrica 25 bilionários só no começo deste ano graças a furor na Bolsa

Sterling Wong, Jill Mao e Zijing Wu

17/02/2015 17h56

(Bloomberg) - O rali do mercado acionário da China, que foi o maior do mundo, tornou janeiro o mês mais ativo em termos de aberturas de capital em um ano. O processo também criou um grupo de novos bilionários.

Nas primeiras seis semanas de 2015, a segunda maior economia do mundo criou cerca de 25 bilionários, muitos dos quais estão aproveitando aberturas que os investidores estão levando aos limites diários de negociação de preços - um furor que remete ao mercado de aberturas do final da década de 1990. Entre os mais ambiciosos, estão uma companhia aérea, uma desenvolvedora de videogames e uma rede de farmácias.

"As aberturas se tornaram produtos de investimento muito demandados na China", disse Ronald Wan, assessor-chefe para a China da Asian Capital Holdings Ltd., empresa de consultoria corporativa com sede em Hong Kong. "Portanto, todos os acionistas controladores das aberturas enriquecem muito depois - eles se tornam bilionários".

Depois de um período de 14 meses de inatividade a partir de outubro de 2012, as aberturas na China recomeçaram no ano passado. Mas de 20 novas ações passaram a ser negociadas em janeiro, o maior número desde o mesmo mês há um ano. As ofertas seguem-se a uma alta de 49 por cento no Shanghai Composite Index, o índice com o melhor desempenho do mundo em 2014.

Embora esse índice quase não tenha mudado neste ano, o Shenzhen Composite Index, a menor das duas bolsas da China, cresceu 13 por cento em dólares americanos, dando os maiores retornos na Ásia, e só ficou atrás da Rússia e da Arábia Saudita mundialmente.

Novos bilionários

O rali em Shenzhen produziu pelo menos três novos bilionários: Xiao Fen, cuja empresa de produtos eletrônicos de consumo, a Shenzhen Fenda Technology Co., investiu em uma fabricante de produtos similares aos Google Glass; Ruan Hongxian, presidente da Yunnan Hongxiang Yixintang Pharmaceutical Co., a terceira maior rede de farmácias de capital aberto da China; e Zhou Wei, presidente da desenvolvedora de software médico Shanghai Kingstar Winning Software Co.

Em Xangai, onde os ganhos no primeiro dia de negociação têm um limite máximo de 44 por cento e as subsequentes altas diárias têm um limite de até 10 por cento, Wang Zhenghua, o presidente de 70 anos da Spring Airlines Co., ganhou uma fortuna de US$ 1,3 bilhão depois que as ações cresceram no limite máximo nos nove dias posteriores à estreia na bolsa.

Nenhuma empresa produziu mais bilionários do que a afiliada financeira da Alibaba Group Holding Ltd. A Zhejiang Ant Small Micro Financial Services Group Co., dona da operadora de pagamentos eletrônicos Alipay, dobrou sua avaliação para cerca de US$ 50 bilhões no mês passado, antes de realizar uma colocação privada e uma abertura de capital antecipada, segundo fontes do setor.

O aumento da cotação gerou 13 bilionários, entre eles o CEO da Alibaba, Jonathan Lu, a diretora de pessoal, Lucy Peng, e a mãe de Wang Yulian, sócio em fundos de private equity de Jack Ma, o fundador da Alibaba.

Mais ganhos

Alguns investidores antecipam mais ganhos nas ações chinesas. A 15,5 vezes os lucros, o Shanghai Composite opera ao menor múltiplo depois de Hong Kong entre os dez maiores mercados acionários do mundo. O MSCI China Index, que acompanha empresas chinesas negociadas em Hong Kong, tem uma avaliação de dez vezes os lucros. A medida tomada neste mês pelo Banco Central de reduzir a quantidade de dinheiro que os credores devem designar como reservas também poderia impulsionar as ações.

Outros se mostram menos otimistas. Andy Xie, ex-economista do Banco Mundial, diz que o rali chinês poderia ser efêmero. Ele disse que o aumento repentino das aberturas na China poderia "esmagar" a demanda dos investidores.

"As pessoas tendem a acreditar que as novas ações vão ter um desempenho melhor do que as preexistentes, mas isso não necessariamente é verdade", disse Jing Ulrich, vice-presidente da região Ásia-Pacífico no JPMorgan Chase Co. "Pode ser que empresas menores cresçam mais rápido, mas elas também podem ter mais riscos e ser mais voláteis, por terem menos experiência e menor cobertura pela comunidade de corretoras".