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BTG recusa venda de Banco Pan pelo valor de mercado, dizem fontes

Cristiane Lucchesi, Francisco Marcelino e Jonathan Levin

14/12/2015 15h16Atualizada em 14/12/2015 17h05

(Bloomberg) -- A prisão do bilionário brasileiro André Esteves jogou seu banco de investimento, o Grupo BTG Pactual, em uma batalha de vida ou morte para vender ativos e levantar caixa. Mas o desespero passou.

Apesar de as dúvidas sobre a viabilidade do banco continuarem a existir, a especulação sobre o seu fim iminente desapareceu e suas ações subiram um recorde de 14% na sexta-feira. A chave para esse sucesso foi uma linha de crédito de R$ 6 bilhões do Fundo Garantidor de Créditos, que é financiado pelos bancos.

O empréstimo deu ao BTG confiança suficiente em relação à sua liquidez de curto prazo para que seus sócios deixassem passar uma chance de vender uma participação de 40% do Banco Pan pelo valor de mercado ao Banco BMG, disse uma fonte com conhecimento direto do assunto. A oferta, que era de R$ 580 milhões, se considerado o preço das ações na sexta-feira, foi retirada.

Embora a linha do Fundo Garantidor de Créditos esteja ajudando o BTG a evitar uma crise de liquidez por enquanto, as vendas de ativos são vitais para a sobrevivência do banco em 2016, segundo uma análise do Goldman Sachs do dia 7 de dezembro. A necessidade de financiamento do BTG no quarto trimestre é de cerca de R$ 1,6 bilhão, um montante mais que coberto pela linha de crédito do FGC. Mas esse total crescerá para R$ 11 bilhões nos nove primeiros meses de 2016 e para R$ 18 bilhões até o final do ano que vem, disse o Goldman Sachs.

"Eles não podem desacelerar o processo de venda de ativos simplesmente por terem conseguido a linha do FGC", disse Max Bohm, analista da empresa de consultoria Empiricus Research em São Paulo. "Eles precisam mostrar que estão vendendo rapidamente para acalmar os mercados e interromper a queda livre das ações. Para que isso aconteça, eles precisam aceitar o preço que os compradores queiram pagar".

BR Properties

Um teste será a reação do BTG a uma oferta apresentada na sexta-feira pela GP Investments para compra de até 63% da incorporadora imobiliária BR Properties, da qual o BTG é o maior acionista.

A GP ofereceu R$ 10 por ação, disse a empresa em um comunicado, o que implica um valor para a BR Properties de 11,7 vezes os lucros projetados antes de juros, impostos e amortização, segundo dados compilados pela Bloomberg. É mais que o múltiplo médio de 9,4 vezes das empresas imobiliárias brasileiras com uma capitalização de mercado de pelo menos US$ 250 milhões, mostram os dados. É, também, um prêmio de 21% em relação ao preço de fechamento de quinta-feira, embora ainda 9% abaixo do nível de 24 de novembro, véspera da prisão de Esteves. O Banco Pan caiu 8% desde então até a última sexta-feira.

A alta do BTG após o anúncio da GP foi a maior desde a oferta pública inicial da empresa, em abril de 2012, e diminuiu o declínio do valor de mercado desde a prisão de Esteves, em 25 de novembro, para 55% até sexta-feira. Esteves, que renunciou aos cargos de presidente do conselho e CEO do banco com sede em São Paulo no dia 29 de novembro, foi preso sob a suspeita de que tentou obstruir uma investigação de corrupção de abrangência nacional envolvendo a Petrobras. Por meio de seu advogado, ele negou as acusações.

Grau especulativo

Enquanto as classificações de crédito do BTG caíam para grau especulativo e as fontes de financiamento de curto prazo secavam, o banco vendeu uma participação na Rede D'Or São Luiz, a maior rede de hospitais do Brasil, por R$ 2,38 bilhões, e negociou também um portfólio de crédito de R$ 1,2 bilhão para o Bradesco. Ambas as transações foram concluídas antes da linha de crédito do FGC.

Em um comunicado enviado por e-mail na sexta-feira, o banco disse que planeja continuar buscando a venda de mais ativos. "Estamos satisfeitos com o progresso feito para fortalecer o BTG nos últimos 16 dias", disse o banco. "Temos trabalhado incansavelmente para garantir a estabilidade de nosso negócio".

O BTG preferiu não comentar a oferta do Banco BMG pelo Banco Pan. O CEO do Banco BMG, Antonio Hermann, também preferiu não comentar o assunto.