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BlackRock alerta sobre títulos enquanto Fed vê economia sólida

Wes Goodman

05/01/2016 15h12

(Bloomberg) -- A BlackRock, maior gestora de ativos do mundo, diz que os títulos terão "dificuldades" em 2016 com os aumentos nas taxas de juros pelo Fed.

Dois presidentes regionais do Fed, Loretta Mester, de Cleveland, e John Williams, de São Francisco, rejeitaram os temores a respeito da queda das ações no primeiro dia de negociação do ano e disseram que a economia está sólida. Os futuros de Fed Funds sugerem cerca de dois aumentos de 25 pontos-base nos juros em um ano, mesmo com a recente turbulência da China.

"Acreditamos também que os títulos continuarão tendo dificuldades à medida que as taxas de juros subirem com o aperto do Fed e de alguma estabilização nas expectativas de inflação", escreveu Russ Koesterich, estrategista-chefe de investimentos da BlackRock, que tem sede em Nova York, em um relatório na segunda-feira. A empresa tem US$ 4,5 trilhões em ativos.

O rendimento de títulos de 10 anos subiu dois pontos-base, ou 0,02 ponto percentual, para 2,26 por cento até 9h33, em Nova York, de acordo com dados do Bloomberg Bond Trader. O rendimento vai subir para cerca de 2,75% até o final do ano, disse Koesterich.

Os títulos do Tesouro dos EUA deram um retorno de 0,9% em 2015, enquanto um indicador de dívida soberana de países desenvolvidos perdeu 2,5%, segundo os índices Bloomberg World Bond.

Ações da China

A negociação das ações do índice chinês CSI 300 foi interrompida na segunda-feira depois que o indicador caiu 7% e ações caíram no mundo todo. O indicador subiu 0,3% na terça-feira.

"Os fundamentos da economia dos EUA continuam muito sólidos", disse Mester, do Fed, na segunda-feira em entrevista à Bloomberg TV. "Haverá volatilidade nos mercados. Essa é a natureza dos mercados financeiros", disse Mester, que vai votar sobre as decisões de políticas monetárias neste ano.

Williams, que não vai votar até 2018, também minimizou a turbulência do mercado, dizendo acreditar que o desemprego ficará abaixo do nível atual de 5% e que a inflação vai começar a se mover em direção à meta de 2% do Fed neste ano.

"Em relação à maioria dos outros países estamos em muito boa forma, em parte porque adotamos medidas de política monetária bastante agressivas e outras ações para colocar nossa economia de volta nos trilhos", disse Williams em entrevista à CNBC.

'Ano difícil'

Os rendimentos de dois anos dos títulos do Tesouro vão subir à medida que o Fed eleve as taxas, disse Kim Youngsung, chefe de investimentos internacionais do Serviço de Pensão dos Funcionários do Governo da Coreia do Sul em Seul, que administra o equivalente a US$ 12,6 bilhões.

"Será um ano difícil para as taxas de juros de curto prazo", disse ele. "Mas os rendimentos de longo prazo estarão bem. Há uma pesada demanda por rendimentos de longo prazo. Temos uma incerteza a respeito do mercado de ações. Acabamos de ter um choque chinês. Isso limitou o aumento nas taxas de juros a longo prazo".

O rendimento extra em títulos de 30 anos sobre notas de dois anos encolheu para 188 pontos-base em 29 de dezembro, menor diferença desde março. A diferença estava em 198 pontos-base na terça-feira.

O Fed fará quatro aumentos de 25 pontos-base em 2016, segundo projeções do banco central emitidas no mês passado. O Fed elevou as taxas em dezembro pela primeira vez em quase uma década.