IPCA
0,46 Jul.2024
Topo

Inflação perto de zero na zona do euro pode pressionar BCE

Catherine Bosley

05/01/2016 15h49

(Bloomberg) -- A inflação da zona do euro é mais fraca do que o previsto pelos economistas em dezembro, quando o Banco Central Europeu intensificou seu programa de estímulos.

Os preços ao consumidor subiram um total anual de 0,2 por cento, disse o departamento de estatísticas da União Europeia nesta terça-feira. O resultado contradiz a estimativa média de incremento de 0,3 por cento de uma pesquisa da Bloomberg com economistas. A inflação italiana caiu inesperadamente para 0,1 por cento, contrariando uma projeção de aceleração para 0,4 por cento.

"É uma grande decepção", disse Jane Foley, estrategista cambial do Rabobank em Londres, à Bloomberg TV. "Temos visto essa história se repetir. Apesar das condições monetárias muito frágeis, a inflação se recusa a ceder".

O BCE tenta há meses aumentar a pressão sobre os preços com políticas pouco convencionais, como taxas de juros negativas e aquisições de ativos de grande escala, mas sua meta de inflação de médio prazo, de pouco abaixo de 2 por cento, está cada vez mais distante. O que foi anunciado como um ligeiro ganho na taxa básica devido a "efeitos de base" mecânicos na virada do ano poderá não se materializar por causa de uma nova queda nos custos do petróleo bruto.

O petróleo Brent encerrou 2015 com o preço médio anual mais baixo em 11 anos porque os maiores membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo continuam bombeando próximo a níveis recordes. A US$ 37 por barril, o petróleo está muito mais barato do que o BCE antecipava em dezembro, quando previu que a inflação média seria de 1 por cento neste ano e de 1,6 por cento em 2017.

"O BCE não vai gostar desses números de inflação", disse Holger Sandte, analista-chefe europeu da Nordea Markets em Copenhague. "Devido à inflação muito abaixo da meta e à inclinação do BCE pela flexibilização, não se pode descartar uma maior flexibilização".

Expansão dos estímulos

A cúpula do BCE em Frankfurt expandiu os estímulos no fim do ano passado cortando a taxa de depósito para menos 0,3 por cento e estendendo a duração das aquisições de ativos de grande escala. O presidente Mario Draghi disse em um discurso em Nova York que garantirá o retorno da inflação à casa dos 2 por cento "sem atrasos injustificados", mas admitiu que ainda poderia ser necessária uma adição ao programa de flexibilização quantitativa, atualmente de 1,5 trilhão de euros (US$ 1,6 trilhão).

O núcleo da inflação, que desconsidera itens com preços voláteis, como o combustível, permaneceu em 0,9 por cento em dezembro, segundo a Eurostat. Os custos da energia caíram um total anual de 5,9 por cento.

Na segunda-feira, o departamento de estatísticas alemão disse que a inflação na maior economia da Europa estava em 0,3 por cento, abaixo das estimativas dos economistas, de aumento para 0,4 por cento.