Baixo volume da maior represa do mundo é 'extremamente perigoso'
(Bloomberg) -- Os níveis de água da represa de Kariba, a maior do mundo, estão em níveis "extremamente perigosos" e baixos que poderiam forçar o fechamento de suas usinas hidrelétricas, disse a ministra da Energia da Zâmbia, Dora Siliya.
O baixo volume de chuva e o uso excessivo de água pela Zâmbia e pelo Zimbábue, países do sul da África que compartilham o reservatório, fizeram os níveis caírem. A geração de eletricidade já foi reduzida em mais da metade. Em 28 de dezembro, o reservatório da Kariba estava em 14 por cento, contra 51 por cento um ano antes, segundo a reguladora da represa.
"A situação é grave", disse Siliya a repórteres na quinta-feira em Lusaka, a capital da Zâmbia. "Estou rezando. Nós sentamos aqui, olhamos para o céu e dizemos, 'por favor, Kariba está em níveis extremamente perigosos'". A ausência de chuvas poderia forçar a desativação completa das usinas hidrelétricas, disse ela.
As empresas de mineração do país, segundo maior produtor de cobre da África, têm tido que reduzir o uso de eletricidade e pagar importações caras depois que a queda dos preços do metal provocou o fechamento de algumas minas e o corte de mais de 10.000 postos de trabalho. Residências e empresas estão passando por cortes de energia de até 14 horas por dia. O custo para importação de energia e geração emergencial poderia ameaçar a meta de déficit orçamentário do governo para 2016, de 3,8 por cento.
'Mais vulnerável'
A Zâmbia é o país mais vulnerável ao fenômeno climático El Niño na África Subsaariana, em parte porque mais de 95 por cento da geração de energia é hidráulica, disseram analistas do Bank of America Merrill Lynch, incluindo Oyinkansola Anubi, em uma nota em novembro. Seis das 10 províncias da Zâmbia tiveram precipitações abaixo do normal em sua temporada de chuvas, disse o diretor do Departamento Meteorológico, Jacob Nkomoki, em comentários transmitidos pela Rádio Phoenix, com sede em Lusaka, em 4 de dezembro.
Em 28 de dezembro, os fluxos de água do rio Zambezi, que alimenta Kariba, estavam 27 por cento mais baixos do que um ano antes na medição nas Cataratas Vitória, a 125 quilômetros rio acima em relação à represa, segundo dados da Autoridade do Rio Zambezi. Em Chavuma, a cerca de 600 quilômetros a noroeste e perto da foz do rio, os fluxos haviam começado a melhorar e estavam 23 por cento mais elevados em 28 de dezembro do que um ano antes.
Os níveis de água na represa Kariba na mesma data estavam em 477,57 metros acima do nível do mar, pouco acima do mínimo de 475,50 metros para operações de geração hidrelétrica, segundo a autoridade. O governo gastará US$ 1,2 bilhão para mitigar a crise energética, disse Siliya.
O governo da Zâmbia se preparou para a possibilidade de cortar a geração na Kariba, disse Siliya. As medidas incluem a preparação de usinas termelétricas emergenciais para a produção de 250 megawatts até o começo de março e um navio gerador de energia de 200 megawatts que ficará ancorado ao largo da costa do país vizinho de Moçambique, disse ela. Uma usina de energia de 300 megawatts à base de carvão também deverá iniciar as operações em junho.
O déficit energético do país aumentaria para 1.000 megawatts até o fim de dezembro de 2015, cerca de metade do pico normal de demanda, disse Siliya a parlamentares em novembro. A represa Kariba poderá ter que ser desativada em outubro deste ano se as chuvas forem escassas e se a Zâmbia e o Zimbábue continuarem usando excessivamente sua água, disse a ministra na ocasião.
"Nossa medida de contingência é assegurar que mesmo se tivermos que fechá-la, é preciso que chegue energia", disse Siliya na quinta-feira. "Deus permita que não sejamos obrigados a fechar a represa porque o nível de água está abaixo do mínimo recomendado".
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