Merkel se propõe a enfrentar revolta partidária por refugiados
(Bloomberg) - Diante do maior desafio de sua década no poder, Angela Merkel enfrenta uma semana que poderá determinar o resultado de sua tentativa de manter a Alemanha aberta aos refugiados.
Nesta segunda-feira, a chanceler encontrou diretamente uma ameaça de tempestade causada por sua política ao presidir uma reunião da executiva nacional de seu partido, a União Democrata-Cristã, em Berlim em meio a uma revolta aberta dentro da organização.
Depois ela seguirá para os Alpes para negociações, no meio da semana, com seus aliados bávaros rebeldes e terminará a semana como anfitriã de uma cúpula com líderes do governo turco, em cujas mãos ela colocou boa parte da responsabilidade de conter o fluxo de imigrantes para a Europa.
"Queremos que o Plano A funcione", disse o vice-ministro das Finanças alemão, Jens Spahn, em entrevista à Bloomberg Television. "Precisamos de uma solução europeia para manter a Europa unida".
A semana de política para refugiados de Merkel revela uma urgência maior depois que os abusos sexuais massivos ocorridos na véspera do Ano-Novo aumentaram a pressão para que ela imponha restrições na fronteira, uma exigência defendida por legisladores de seu bloco partidário, que planejam entregar uma carta de protesto a ela na terça-feira. Merkel, apoiada pelo ministro das finanças, Wolfgang Schaeuble, e por outras autoridades, busca um acordo com a União Europeia para reassentar os solicitantes de asilo em toda a UE e evitar, assim, o fim da liberdade de comércio e circulação no bloco, ao mesmo tempo ajudando a Turquia a cuidar de seus mais de 2 milhões de refugiados sírios.
"É preciso um pouco de paciência", disse Volker Kauder, líder do grupo parlamentar de Merkel, em entrevista à emissora de TV ZDF, na segunda-feira. "Temos que dar algum tempo à chanceler e apoiá-la".
'Mais emoções'
Enquanto a popularidade de Merkel atingia o nível mais baixo desde outubro de 2011 em uma pesquisa da ZDF, na semana passada, e os protestos organizados por parlamentares comuns tomavam forma, Schaeuble, um aliado fundamental da UDC e parlamentar com maior tempo de serviço da Alemanha, saiu em defesa dela.
"Eu apoio com total convicção o que a chanceler diz", disse Schaeuble, o político mais popular da Alemanha, ao Sueddeutsche Zeitung, em entrevista publicada na sexta-feira. Merkel está trabalhando "ao ponto da exaustão" para resolver a crise dos refugiados e "as coisas estão se movendo muito lentamente na Europa", disse ele ao jornal.
Cerca de 50 dos 311 membros do grupo parlamentar de Merkel apoiam a carta que pede que ela barre a entrada dos refugiados vindos de outros países da UE, adiada em um dia na tentativa de angariar mais apoiadores, segundo um parlamentar envolvido no rascunho, que pediu anonimato porque a carta ainda não foi publicada. Spahn, que também é parlamentar, discordou dessa forma de protesto.
"As pessoas estão discutindo o que fazer, qual é a situação após o ocorrido em Colônia, com mais emoções ainda e temos que ter a mesma discussão dentro do partido", disse ele. "Não precisamos de uma carta para dizer o que pensamos".
Merkel planeja viajar à Bavária na quarta-feira pela segunda vez em duas semanas para negociar com a União Social-Cristã, um partido ligado ao seu, que governa o estado. Esse partido se opõe há meses à postura dela em relação aos refugiados e está ameaçando entrar com uma ação constitucional contra ela. O estado da região sul do país é a principal porta de entrada de candidatos a asilo na Alemanha.
Emprego de Merkel
As críticas estão aumentando também no Partido Social-Democrata, o menor parceiro da base aliada de Merkel, e pesquisas sugerem que os alemães temem cada vez mais que os refugiados estejam sobrecarregando a maior economia da Europa e apoiam medidas mais duras contra os candidatos a asilo que cometem crimes. Dos 32 suspeitos identificados nos ataques de Colônia, 22 são candidatos a asilo, segundo o Ministério do Interior alemão.
Steffen Seibert, principal porta-voz de Merkel, foi indagado em uma entrevista coletiva do governo, em Berlim, nesta segunda-feira, se a chanceler teme perder seu emprego. "A resposta é não", disse ele.
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