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Anadarko e Moçambique querem começar a exportar gás natural

Paul Burkhardt

05/02/2016 11h16

(Bloomberg) - Moçambique e Anadarko Petroleum estão correndo para extrair o gás de uma das maiores descobertas em décadas diante da ameaça de abundância mundial.

Depois de ter feito seu descobrimento inicial há seis anos, na bacia de Rovuma no litoral norte de Moçambique, a Anadarko ainda precisa tomar uma decisão final sobre o investimento em um projeto de gás natural liquefeito de US$ 15 bilhões. A decisão poderia ser tomada neste ano, porque a concorrência de fornecedores dos EUA e do Irã nos mercados de exportação está aumentando, disse a parceira estatal, a Empresa Nacional de Hidrocarbonetos.

­"A menos que aceleremos o processo, poderíamos perder essa oportunidade", disse Omar Mithá, presidente do conselho da ENH, em uma entrevista em seu escritório, perto da orla da capital, Maputo. Estamos conversando com o governo porque este é o momento para "preparar todos os contratos, a estrutura legal, o processo de reassentamento", disse o ex-ministro.

Como o FMI projeta um investimento total em GNL de mais de US$ 100 bilhões em Moçambique e a possibilidade de abastecer o mercado doméstico de gás, as descobertas têm potencial para ajudar a transformar um dos países mais pobres do mundo. Assim como outras empresas grandes do setor, a Anadarko, como sede em Woodlands, Texas, também está restringindo os investimentos por causa da crise do petróleo, mas a companhia disse na terça-feira que espera concluir as negociações com o governo de Moçambique neste ano.

A reunião do comitê central do partido governante, Frente de Libertação de Moçambique, consolidará o poder do presidente Filipe Nyusi, oferecendo um ambiente propício para o desenvolvimento de GNL no país, de acordo com uma nota da Eurasia Group do dia 3 de fevereiro. A trajetória de longo prazo de Moçambique durante os próximos dois anos continua positiva, disse a Eurasia.

A Anadarko precisa finalizar questões jurídicas, como as concessões marítimas que determinam a propriedade do molhe de exportação projetado na província de Cabo Delgado, e concluir contratos de compra antes de tomar uma decisão de investimento final, disse John Peffer, gerente da empresa em Moçambique, em uma entrevista.

"A chave é terminar a estrutura jurídica e contratual o mais rápido possível, porque esse elemento é fundamental para dar solidez ao projeto e assegurar um valor econômico no logo prazo", disse Peffer.

Diferenciação do projeto

A Anadarko, dona de 26,5 por cento do projeto, e seus parceiros também precisam obter aprovação para o reassentamento de cerca de 500 pessoas no lugar do projeto, disse Peffer. Pescadores deslocados poderão receber uma compensação, de acordo com um esboço do projeto. Apesar das pressões sobre o preço, considerando que o petróleo sofreu a maior queda em mais de uma década, a empresa está confiante em relação às perspectivas em Moçambique.

"O tamanho deste ativo, a qualidade da reserva, a distância até a margem, a proximidade ao mercado e os avanços contínuos com o governo na elaboração da estrutura jurídica e contratual necessária vão possibilitar que esse projeto se diferencie e compita no mercado atual de GNL", disse Peffer.

A Anadarko disse na segunda-feira que planeja cortar os gastos quase pela metade porque está tentando se recuperar de seu pior ano desde que se separou da Panhandle Eastern Pipe Line em 1986. A terceira maior produtora americana de gás natural reduziu seu orçamento de capital de 2016 para cerca de US$ 2,8 bilhões depois de informar um prejuízo líquido de US$ 1,25 bilhão para o quarto trimestre.