Arábia Saudita vende petróleo à vista em mudança 'dramática'
(Bloomberg) -- A Arábia Saudita realizou sua primeira venda de petróleo a uma pequena refinaria independente chinesa. O mais significativo para os mercados é que a maior exportadora de petróleo do mundo rompeu com a prática usual de venda por meio de contratos de longo prazo, segundo o Citigroup.
A maior exportadora de petróleo do mundo vendeu uma carga à vista para a pequena refinaria Shandong Chambroad, disseram pessoas com conhecimento sobre o acordo, que pediram anonimato porque a informação é confidencial. O carregamento de 730.000 barris deverá ser realizado em junho no tanque de armazenagem alugado pela Saudi Arabian Oil Co. no Japão.
"A notícia de que a Arábia Saudita está vendendo um carregamento no mercado à vista para a Ásia pode marcar a virada de um novo capítulo dramático do manual saudita", disseram os analistas do banco, incluindo Ed Morse, de Nova York, em um relatório, em 25 de abril. "O incomum é que haja uma venda à vista em vez do início de um novo contrato à prazo. As vendas à vista são basicamente a única forma de o reino ganhar mais participação de mercado em um mundo no qual os grandes compradores estão interessados em garantir aquisições incrementais por meio do mercado à vista, e não com acordos à prazo".
Politização do petróleo
O barril do petróleo Brent registra queda de quase 40 por cento em relação a novembro de 2014, quando a Arábia Saudita liderou a decisão da Organização dos Países Exportadores de Petróleo de continuar bombeando para defender sua participação de mercado frente ao aumento dos estoques globais. A Aramco concluirá a expansão de seu campo de petróleo Shaybah no fim de maio para manter o nível de sua capacidade de produção total, disseram nesta semana duas pessoas informadas sobre o plano. Neste verão, o reino poderá mirar uma venda adicional de 500.000 barris por dia, ampliando a produção diária para 11 milhões de barris em um momento de pico da demanda por geração de energia, estimou o Citigroup.
A produção da Arábia Saudita atingiu um recorde de 10,57 milhões de barris por dia em julho passado, ajudando a derrubar o Brent pelo terceiro ano seguido. Os preços subiram em relação à maior baixa em 12 anos, registrada em janeiro, em meio à possibilidade de um acordo entre os grandes produtores de petróleo para limitar a produção. Os futuros para liquidação em junho na ICE Futures Europe, em Londres, eram negociados em alta de 0,5 por cento, a US$ 44,70 o barril, às 16h54 pelo horário de Cingapura.
Fracasso de Doha
Contudo, em uma reunião entre 16 países produtores em Doha, em 17 de abril, as autoridades sauditas anularam um acordo de congelamento da produção porque o Irã se recusou a participar de uma decisão que os analistas da BMI Research chamam de "politização progressiva" do petróleo. Em meio à maior tensão entre os dois países do Oriente Médio, a Arábia Saudita é prejudicada por seus restritivos contratos de petróleo de longo prazo em um momento em que concorrentes como o Irã estão distribuindo grandes quantidades de crédito aberto aos compradores por períodos mais longos, segundo o Citigroup.
A Saudi Aramco evita há tempos as vendas de petróleo à vista, uma estratégia que funcionou bem no tocante à manutenção da maior parte de seus 7 milhões de barris diários de vendas, disseram os analistas do banco. Após o acordo com a Shandong Chambroad, a petroleira deve "enterrar qualquer dúvida" em relação à sua capacidade de usar seu sistema logístico e as vendas à vista para aumentar sua participação de mercado, disseram eles.
"Resta saber se no novo ambiente do petróleo, em um esforço para conseguir um controle maior sobre a participação e a precificação de mercado, o reino tomará medidas mais agressivas para permitir a revenda de seu petróleo e realmente restabelecer o petróleo Saudi Light como referência internacional", disse o Citigroup.
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