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Ações nos EUA perdem impulso com redução de fusões e aquisições

Oliver Renick

23/05/2016 12h12

(Bloomberg) -- As rachaduras na base do bull market nos EUA estão se espalhando rapidamente.

A máquina de transações de Wall Street que fez com que 2015 fosse um dos maiores anos em termos de fusões e aquisições desacelerou, e isso significa que o impulso com que os investidores podiam contar que as transações corporativas dariam aos preços das ações foi amenizado. Embora ainda restem sete meses em 2016, o volume de aquisições mostra poucos sinais de recuperação.

Observe o salto imediato dado pelas empresas alvo na primeira sessão de trading após o anúncio de uma aquisição. Sozinhos, esses ganhos acrescentaram US$ 192 bilhões ao valor das ações em 2015, de acordo com dados compilados pela Bloomberg. Neste ano, as movimentações em um único dia depois de fusões e aquisições devem acrescentar US$ 70 bilhões - menor quantidade desde 2009.

Desde que as ações começaram a subir, em março de 2009, raramente a perspectiva ficou mais sombria do que agora. Os economistas estão cortando as projeções para o crescimento global e o Federal Reserve está alertando sobre mais aumentos dos juros já no próximo mês. As recompras anunciadas de ações, maior fonte de demanda de ações nesses sete anos de bull market, caíram 38 por cento nos últimos quatro meses, o número de aumentos de dividendo é o mais baixo desde 2009 e os lucros estão em queda livre.

"Fusões e aquisições, recompras, fluxos para as ações - esses elementos foram uma espécie de rede de segurança para o mercado, e, se algo der errado, provavelmente vai ficar pior na ausência deles", disse Thomas Melcher, diretor de investimento da PNC Asset Management Group, com sede na Filadélfia, em entrevista por telefone. "Isso não significa que o mercado não possa sustentar esses níveis, mas significa que ele está em uma corda bamba".

Os executivos estão reduzindo a perspectiva para o dinheiro com que os investidores se acostumaram durante o bull market. As recompras programadas de ações caíram US$ 147 bilhões em relação ao ano anterior no último trimestre, e o número de empresas que está cortando os dividendos chegou ao patamar mais alto em sete anos.

Determinar o impacto direto de uma queda da atividade de fusões e aquisições sobre o preço não é uma ciência exata, mas medir o salto dado pelas ações das empresas-alvo quando uma transação é anunciada serve como um indicador aproximado do quanto os preços das ações são ajudados pelas transações como um todo.

À essa altura do ano passado, os movimentos em um dia do preço das ações de empresas negociadas em bolsas dos EUA em transações de qualquer porte se traduziram em US$ 73 bilhões em capitalização de mercado nova, de acordo com dados compilados pela Bloomberg. O valor se compara com apenas US$ 27 bilhões em 2016. Para colocar em perspectiva esse dado estatístico, o valor de mercado criado pelas reações dos preços das empresas-alvo equivaleu a aproximadamente o valor de três meses de recompras executadas, o que ocorreu em uma escala de uns US$ 150 bilhões por trimestre no ano passado.