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Mercado de ações da China é o pior para pechinchas

Kyoungwha Kim e Bonnie Cao

06/06/2016 14h33

(Bloomberg) -- A maior queda do mundo no mercado de ações não foi suficiente para transformar a China em um destino para os caçadores de pechinchas internacionais.

Mesmo depois da queda de 40% do Shanghai Composite Index durante os últimos 12 meses, as avaliações para as ações chinesas Classe A estão três vezes mais caras em dólar que todos os outros grandes mercados do mundo.

A mediana do índice preço/lucro para as bolsas do país é 59, maior que a mediana das ações de tecnologia dos EUA no ápice do boom das pontocom em 2000.

Um ano depois do pico da bolha acionária da China, as avaliações ainda não voltaram à realidade porque a intervenção do governo mantém os preços das ações elevados em um momento de encolhimento dos lucros corporativos.

Para os gestores de recursos da Silvercrest Asset Management e da Blackfriars Asset Management que previram a queda forte do ano passado, a fraqueza do crescimento econômico da China e a fragilidade da confiança do investidor significam que ainda é cedo para voltar ao mercado de US$ 6 trilhões.

"Não temos nenhuma ação Classe A", disse Tony Hann, chefe de ações em Londres da Blackfriars, que administra cerca de US$ 270 milhões. O Oriental Focus Fund, da empresa, teve um desempenho melhor que o de 83% de seus pares neste ano.

"Parece que o argumento otimista é que eu posso comprar nessa razão preço/lucro porque venderei a outra pessoa a uma razão mais alta. O maior risco é que essa mentalidade do investidor no continente mude".

Preocupações

Há muitos motivos de preocupação para os investidores. Depois de ter crescido no ano passado ao ritmo mais lento desde 1990 no ano passado, a economia chinesa mostra poucos sinais de recuperação.

Os lucros das empresas do Shanghai Composite caíram 13% desde junho do ano passado, os calotes corporativos estão aumentando e o yuan está sendo negociado perto do valor mais baixo em cinco anos. Nesta segunda-feira, o Shanghai Composite caiu 0,2%.

A perspectiva sombria é um claro contraste com o ânimo nessa época no ano passado, disse Pan Lizhi, uma aposentada de 54 anos da província chinesa de Hunan.

Como muitos dos 106 milhões de investidores individuais do país, Pan negociou ações quase todos os dias durante a bolha, na esperança de atravessar o boom alimentado pelo crescimento explosivo da dívida de margens e pelo apoio dos meios de comunicação estatais.

Agora, ela passa a maior parte do tempo assistindo à TV. Dos 320.000 yuans (US$ 48.860) em sua conta de corretagem, quase 6 por cento estão em dinheiro.

"Não prevejo um bull market no próximo ano", disse Pan.

Alguns analistas estão mais otimistas. Eles ainda veem ganhos para as empresas do Shanghai Composite, e as metas para o preço das ações compiladas pela agência de notícias Bloomberg sinalizam uma alta de 13% durante os próximos 12 meses.

Entre os possíveis catalisadores de ganhos estão a decisão deste mês do MSCI quanto a incluir ações continentais em seus índices internacionais e o início antecipado da conexão entre as bolsas de Hong Kong e de Shenzhen.

--Com a colaboração de Kathleen Hays Caroline Hyde Pimm Fox Tian Chen e Fox Hu