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Análise: Saiba o que o BC dos EUA deveria dizer, mas não diz

Lisa Abramowicz

14/06/2016 13h04

(Bloomberg) -- O Federal Reserve sugere que poderá elevar as taxas de juros com base apenas na saúde econômica dos EUA.

Mas, na verdade, nem mesmo seus próprios integrantes parecem acreditar plenamente nisso.

A cúpula do Fed está examinando dados de inflação e emprego dos EUA, mas estuda também os mercados financeiros em busca de algum sinal de instabilidade pelo mundo.

Eles estão falando cada vez mais sobre riscos globais em seus comunicados formais, embora estes riscos pareçam estar sempre mudando. O problema é a China? É o Brasil? Ou é a preocupação de que o Reino Unido possa sair da União Europeia?

O fantasma da chamada Brexit muito provavelmente aparecerá na reunião do Fed que começa nesta terça-feira. Mas este é apenas um entre muitos riscos diferentes que têm preocupado o banco central nos últimos meses.

O Fed diz que está na hora de que os EUA tenham juros mais altos, mas o dinheiro estrangeiro continua entrando no país porque os investidores estão buscando um alívio para as políticas de juros negativos do Japão e da Europa. Isto tem mantido os custos dos empréstimos americanos baixos apesar da inflação crescente nos EUA e do discurso do Fed sobre o aumento das taxas de referência.

Este cenário gera um quadro diferente de qualquer outro na história do Fed e exige uma nova abordagem. Os EUA precisam comunicar de forma direta aos traders e economistas como está avaliando os riscos globais e como planeja cooperar com outros bancos centrais importantes, empenhados em esforços de estímulo.

O banco central americano precisa reconhecer que não pode elevar os juros de forma significativa sem alguma coordenação explícita com outros bancos centrais do mundo.

Se tentar agir sozinho, o Fed correrá o risco de provocar uma turbulência no mercado que poderia tirar dos trilhos tanto a economia dos EUA quanto a global. O Fed não pode se dar ao luxo de fazer isto no momento.

Essa coluna não reflete necessariamente a opinião da Bloomberg LP e de seus proprietários.