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BHP sinaliza 'mais 10 anos' para equilíbrio de minério de ferro

Jasmine Ng

21/06/2016 15h57

(Bloomberg) -- O mercado de minério de ferro vai demorar mais para se equilibrar do que outras commodities porque a absorção da oferta excedente após a rápida expansão poderá demorar anos, segundo o CEO da BHP Billiton, Andrew Mackenzie, que sinalizou os baixos custos de produção de sua empresa como um chamariz para os investidores de hedge funds.

"Há algumas commodities, como o petróleo e o cobre, em que ocorre um declínio natural porque se diminui a pressão, diminui a escala", disse Mackenzie, em Nova York, após um discurso. "Um dos mercados que levará mais tempo para voltar ao equilíbrio é o de minério de ferro".

O minério de ferro caiu por três anos até 2015 porque as mineradoras de baixo custo, incluindo a BHP e as rivais Rio Tinto e Fortescue Metals, aceleraram a produção justamente em um momento de esfriamento do crescimento na China, gerando um excedente. Os preços exibiram uma alta inesperada nos primeiros meses do ano em meio a um frenesi especulativo na China antes de caírem novamente. Mackenzie disse em março que o minério de ferro lhe gerava mais pessimismo do que qualquer outra matéria-prima produzida pela BHP.

'Mais realista'

"A realidade é que agora foi estabelecido um preço que poderíamos dizer que é mais realista com base nos fundamentos da oferta e da demanda", disse Mackenzie, na segunda-feira, em resposta a uma pergunta da plateia. "Tivemos uma expansão bastante longa. Para superá-la, na minha opinião, pode demorar mais de 10 anos".

O minério de ferro com 62 por cento de conteúdo estava em US$ 51,06 a tonelada na segunda-feira após perder 28 por cento desde que tocou os US$ 70 em abril, segundo a Metal Bulletin. A matéria-prima teve um pico em 2011, chegando a mais de US$ 191, e a queda levou a fechamentos e fusões entre as mineradoras de custo mais elevado.

"A consolidação, particularmente das produtoras de alto custo, vai levar muito mais tempo do que se imagina que deveria, disse Mackenzie. "Até lá, é preciso estar no fundo da curva de custo, é preciso fazer tudo o que eu disse, administrar as coisas da forma mais produtiva possível, ou os hedge funds não vão querer mais investir em nós".

Mackenzie disse no mês passado que a BHP está ampliando a exploração e o investimento em cobre e petróleo, sinalizando uma mudança em relação ao corte de custos com ou sem uma recuperação nos preços. A empresa sinalizou anteriormente o cobre e o petróleo como seu foco principal de crescimento em meio às restrições de oferta esperadas para ambas as commodities.

O petróleo bruto, que atingiu em fevereiro o nível mais baixo desde 2003, subiu quase 90 por cento em meio aos sinais de redução do superávit global durante a queda da produção dos EUA. Embora os preços do cobre estejam mais baixos em Londres neste ano, a BHP, que tem sede em Melbourne, Austrália, projetou que o déficit poderá inchar para mais de 4 milhões de toneladas a partir de 2023.