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Caos nas Bolsas coloca gestores à frente de robôs indexadores

Lu Wang

12/09/2016 15h01

(Bloomberg) -- Abaixo daquela superfície plácida que foi abalada na semana passada, o caos já reinava durante todo o ano nas Bolsas dos EUA.

A evidência aparece na lista das ações vencedoras e perdedoras. Uma rotação de meio de ano, incentivada por sinais de melhora da economia americana, virou de pernas para o ar a tendência dos setores defensivos e empurrou bancos e empresas de tecnologia para o topo.

or um ponto de vista - a extensão da troca entre vencedoras e perdedoras do primeiro para o segundo semestre --, este ano é o que mostra menos ordem no mercado acionário desde pelo menos 1990.

A reviravolta ressaltou a imagem de um mercado que, antes de sexta-feira, havia sido colocado para dormir por fundos de índices negociados em bolsa e está virando a mesa para gestores de perfil ativo. Eles agora estão indo melhor, uma vez que a volatilidade oferece mais oportunidades para seleção de ações.

De acordo com o Bank of America, a parcela de fundos de ações de grande valor de mercado que superaram suas referências chegou a 58% em julho e agosto, comparado a 18% no primeiro semestre.

"Quando o objetivo é seguir o mercado, compradores começam a ficar insensíveis a preços e certos setores são empurrados para extremos", disse Michael Ball, presidente e principal gestor de carteiras da Weatherstone Capital Management Inc., sediada no Colorado, que supervisiona cerca de US$ 500 milhões. "Quase não se falava em 'Você está comprando ações por um bom preço?' Isso pode dar vantagem a investidores ativos."

Dois meses de ampla tranquilidade foram interrompidos na sexta-feira, quando o índice S&P 500 caiu 2,5%, o pior desempenho desde a decisão do eleitorado do Reino Unido de sair da União Europeia.

Mesmo enquanto o mercado derretia, os investidores continuavam mostrando aversão aos setores defensivos que haviam liderado o mercado no primeiro semestre. Empresas de eletricidade, telefonia e fundos de investimento imobiliário sofreram as maiores perdas.

Alcance cada vez maior

A rotação desde julho espalhou os ganhos entre as ações. Uma versão do S&P 500 que exclui vieses relativos a valor de mercado registra o melhor desempenho em relação ao índice padrão desde 2013.

É uma dádiva para fundos como Oakmark Select e Boston Partners All-Cap Value e pode ajudar os gestores de perfil ativo a salvar um ano no qual, até junho, os ganhos foram concentrados em segmentos nos quais não tinham interesse: empresas que pagam grandes dividendos, como as do setor elétrico e de telefonia.

A caça a pechinchas compensou se tratando de ações individuais. Uma estratégia de comprar as 50 maiores perdedoras do S&P 500 durante o primeiro semestre teria proporcionado retorno médio de 11% neste trimestre, período em que o S&P 500 acumula alta de 1,4%.

Ter em carteira as ações que registraram os maiores ganhos no primeiro semestre teria causado uma perda de 2,4% desde 30 de junho.

Tecnologia e finanças - os setores de pior desempenho no primeiro semestre, com perdas acima de 1 por cento - passaram para a liderança, com ganhos de mais de 4% desde 30 de junho. Ações de eletricidade e telefonia caíram pelo menos 7% neste trimestre e estão na lanterninha após ganhos de aproximadamente 20% nos seis meses anteriores.

No mínimo, os maremotos de 2016 refletem o debate sobre a influência cada vez maior dos investimentos de natureza passiva - se essa influência transformou o mercado em um monólito de setores e ações quase iguais.

O fato de a aposta nas perdedoras do primeiro semestre agora compensar sugere que as habilidades ainda contam no mundo dos investimentos. É boa notícia para quem pensava que os problemas dos gestores de perfil ativo deixaram os fundos de índices como única opção viável.