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É hora de implementar jornada flexível de trabalho

Rebecca Greenfield

20/09/2016 12h38

(Bloomberg) -- Jessica Piha chega ao trabalho na hora que quer e vai embora quando tem vontade -- sério.

"Não tenho um horário definido", disse Piha, diretora de comunicações da startup de reformas de casas Porch, que permite que seus funcionários tenham horários de trabalho flexíveis. Piha gosta de chegar "super cedo" e sair às 15 horas para malhar.

"Gosto de poder fazer meu trabalho quando é necessário fazê-lo", disse ela. "Nunca vou estourar um prazo nem deixar de cumprir minhas obrigações".

É assim que deveria ser para todos que não cumprem turnos específicos -- ou seja, 42 por cento da mão de obra dos EUA que, de acordo com o Escritório de Estatísticas de Trabalho, não trabalha em empregos que pagam por hora. Deveríamos decidir como e quando realizar o trabalho -- mas muitos de nós continuam presos ao relógio.

"Nos EUA, nossa cultura está enraizada ao que chamo de mentalidade de horas", disse Carol Sladek, sócia da empresa de consultoria em recursos humanos Aon-Hewitt. "Com isso me refiro ao cronograma -- derivado, na verdade, do turno de trabalho -- que não faz muito sentido na maioria de nossos setores que se baseiam em serviços".

A jornada das 9 às 17 não se adapta à vida da maioria das pessoas nem a seu fluxo de trabalho. Sentar-se em uma cadeira durante oito horas seguidas não produz resultados; muitas pesquisas identificaram os benefícios de fazer pausas durante o trabalho. E as melhores horas para a produtividade variam de uma pessoa a outra. Nem todos estão mais dispostos pela manhã. Uma pesquisa concluiu que a privação de sono custa aos empregadores em média US$ 2.000 anuais por trabalhador; outra pesquisa sugere que a cognição chega ao auge no fim da tarde.

Os trabalhadores também acham que os horários de trabalho são dogmáticos. Somos adultos, gostamos de ter autonomia sobre nossas vidas.

Mais de metade dos trabalhadores consultados pela Society of Human Resource Management (SHRM) mencionou a flexibilidade como um aspecto "muito importante" da satisfação com o trabalho no relatório deste ano sobre satisfação e engajamento dos funcionários. A proporção de famílias em que ambos os pais trabalham aumentou quase 50 por cento desde 1970, de acordo com uma pesquisa realizada pelo Pew no ano passado -- no entanto, a estrutura do ambiente de trabalho praticamente não mudou para se adaptar ao novo padrão de normalidade. Essa mesma pesquisa concluiu que quase um terço dos trabalhadores com filhos que afirmam ter dificuldade para equilibrar a vida profissional e a familiar também acham que a paternidade é estressante sempre ou na maior parte do tempo.

"A última coisa que [os funcionários] querem é trabalhar para uma empresa com horários fixos, onde espera-se que eles fiquem em um cubículo das 9 às 17 horas", disse Lisa Horn, que dirige a iniciativa de flexibilidade no ambiente de trabalho da SHRM. "Isso é o oposto do que eles buscam".

E os empregadores se importam com o que os trabalhadores desejam, porque isso leva a maior engajamento e mais retenção, além de ajudar no recrutamento.