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Facebook informou métricas de vídeo infladas a anunciantes

Sarah Frier e Adam Satariano

23/09/2016 14h31

(Bloomberg) -- O crescimento rápido do Facebook tem sido fortemente ligado ao fato de ter convencido os anunciantes de que as pessoas estão assistindo a mais vídeos em sua rede social. Agora, a empresa está revelando que tem fornecido aos anunciantes um número inflado para o tempo médio que está sendo gasto na visualização de vídeos online.

A empresa, proprietária da maior rede social do mundo, ampliou o número contabilizando um vídeo como "visualizado" se ele tivesse sido visto por mais de três segundos. Não era incluído no cálculo quando uma pessoa não assistia -- ou assistia durante menos de três segundos. O Facebook afirmou que está adotando medidas para corrigir o problema e que os anunciantes não pagaram um valor excessivo pelo erro.

"Corrigimos a discrepância assim que ela foi identificada", disse David Fischer, vice-presidente de negócios e parcerias de marketing do Facebook, em comunicado na sexta-feira. "Informamos nossos parceiros e tivemos o cuidado de colocar um aviso no produto em si, para que qualquer um que entre no painel possa entender nosso erro".

Após analisar outras métricas, o Facebook concluiu que o erro não impactou as estatísticas de vídeo divulgadas anteriormente, como o tempo gasto assistindo a um vídeo ou o número de visualizações, de acordo com o comunicado.

A revelação pode prejudicar os esforços do Facebook para fazer com que os anunciantes potencializem as campanhas de televisão, que têm os maiores orçamentos na publicidade, com vídeos em sua rede social.

A métrica que o Facebook vem oferecendo aos anunciantes não inclui os cerca de 80 por cento das pessoas que não assistem vídeos online ou que passam por eles rapidamente, segundo Rob Norman, diretor digital da GroupM, uma empresa de publicidade.

"Ninguém está dizendo que o Facebook está enganando alguém, mas eles estão fornecendo medições específicas que algumas pessoas podem considerar enganosas", disse Norman.

Medir o consumo de vídeos

A forma de classificar o consumo de vídeos online é importante para os anunciantes e há tempos é motivo de discórdia no setor, disse Norman. Os números que revelam que as pessoas estão, em média, passando mais tempo que o esperado vendo um anúncio podem levar uma marca a gastar mais porque mostram que os clientes potenciais estão prestando atenção.

"Se você receber um relatório que diz que seu alcance na televisão foi de 70% de seu público e que, ao adicionar o Facebook, você alcançaria 80% de seu público, você poderá gastar mais", disse Norman.

Martin Sorrell, CEO da WPP, a maior empresa de publicidade do mundo, disse que o erro de cálculo do Facebook aumenta a necessidade de que um órgão independente, como a ComScore, tenha um papel maior na supervisão de métricas importantes.

"Além disso, pedimos há bastante tempo que os proprietários de empresas de mídia como Facebook e Google não definam sua própria lição de casa e divulguem dados para a ComScore, para possibilitar uma avaliação independente", disse Sorrell, cuja empresa é dona da GroupM e investiu na ComScore. "O árbitro e o jogador não podem ser a mesma pessoa".