Economia brasileira cresceu 3,6% em 2024, estima Fernando Haddad
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta terça-feira (7) que as estimativas da equipe econômica apontam para o avanço de até 3,6% do PIB (Produto Interno Bruto) em 2024. O resultado será divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) no dia 7 de março.
O que aconteceu
Expectativas de Haddad são mais otimistas do que as do mercado financeiro. "Estamos prevendo um crescimento entre 3,5% e 3,6% no ano passado", disse em entrevista ao Estúdio i, da Globonews. Os analistas financeiros estimam alta de 3,4%, conforme a última edição do Boletim Focus, divulgado ontem (6) pelo BC (Banco Central).
Estimativas apontam para déficit de 0,1% do Produto Interno Bruto. Ele afirma que a segunda casa depois da vírgula ainda pode variar, a depender da divulgação oficial do PIB, indicador que representa a soma de todos os bens e serviços finais produzidos no país.
Haddad afirma que enchentes no Sul do Brasil afetaram a economia nacional. "O episódio trágico do Rio Grande do Sul consumiu 0,27% do PIB para atender à população de um estado inteiro embaixo d´água", disse ele.
Ministro defendeu esforço fiscal do governo sem afetar o desempenho do PIB. Ao recordar os elogios do FMI (Fundo Monetário Internacional) à condução econômica do Brasil, Haddad destacou o cuidado com as contas públicas sem prejudicar o "crescimento, a distribuição de renda e a geração de empregos".
Foi exatamente o que aconteceu no ano passado. Vamos ter um déficit primário de 0,1% ou 0,37%, considerando o Rio Grande do Sul, um crescimento entre 3,4% e 3,6%, nossa projeção é 3,6%. Geramos em dois anos um crescimento de 3 milhões de novos empregos com distribuição de renda e aumento da renda do trabalhador.
Fernando Haddad, ministro da Fazenda
Ele culpou falhas de comunicação para desconhecimento da melhora econômica. "O governo tem que ser resiliente e resoluto na sua comunicação. Não podemos deixar brecha para os resultados que queremos atingir", disse ao ser questionado sobre a crise de credibilidade na condução econômica do governo Lula.
Problemas de comunicação fizeram "carro sair dos trilhos", diz Haddad. O ministro avalia existir a necessidade de ampliar o contato com o mercado financeiro. "`Precisamos nos comunicar melhor. O mercado está muito sensível no mundo inteiro, não é uma situação normal que estamos vivendo", avaliou.
Haddad diz que cenário reflete instabilidades que deixam os mercados "nervosos". Segundo ele, o movimento é originado na desaceleração da China, a estagnação da economia europeia e a insegurança gerada após a eleição de Donald Trump para presidir os Estados Unidos novamente. "Se você pegar os relatórios internacionais, as pessoas estão inseguras sobre a inflação americana", disse.
Reunião com o presidente Lula tratou sobre o cenário internacional. Haddad também revelou que a antecipação do fim das férias para se reunir com o presidente nesta segunda-feira (6) visou justamente defender uma atuação "mais cuidadosa do que nunca" com o ambiente externo. "Às vezes, uma declaração do presidente eleito [dos EUA] faz o dólar cair R$ 0,10", ponderou.
Corte de gastos
Haddad recordou que a evolução da dívida será interrompida após dez anos. "Se garantir que as regras do arcabouço se perpetuem, em algum momento, num futuro próximo, a dívida vai se estabilizar e depois cair", disse ele, que complementou: "Nós estamos cumprindo uma regra que endereçamos ao Congresso e foi aprovada por ampla maioria dos parlamentares.
A área econômica não vai sossegar enquanto não resolver esse problema [dos gastos públicos]
Fernando Haddad, ministro da Fazenda
"Superávit primário é equação política complexa", diz Haddad. O ministro avaliou não ser difícil fechar o ano com saldo positivo nas contas públicas, mas destacou o trabalho em resolver as questões co os outros Poderes da República. "Em uma planilha você resolve a questão do déficit público do Brasil em 15 ministros. Mas você tem Congresso, tem Judiciário e o Executivo. É preciso harmonizar os poderes em torno do objetivo", afirmou.
O país se desacostumou com a disciplina nas contas públicas. Mas acredito que o Brasil vai se reeducando para respeitar os números e colocar o país no rumo certo.
Fernando Haddad, ministro da Fazenda
Imposto de Renda
Ministro vê erro em incluir reforma do Imposto de Renda no pacote de gastos. O anúncio de isentar o IR para quem ganha até R$ 5.000 por mês foi divulgado para amenizar as críticas às medidas apresentadas para cortas despesas e cumprir o arcabouço fiscal. "Eu acredito que [misturar o Imposto de Renda e o controle de gastos] foi um dos problemas", afirmou. Ele também vê a demora para a apresentação das medidas como outro entrave.
Promessa do governo é aprovar a reforma da renda ainda em 2025. "Tem que ser aprovado
até o final do ano para valer em 2026. O tempo está a nosso favor", afirmou ao defender o melhor equilíbrio da distribuição de renda no Brasil e amplo debate com a sociedade. "Eu acredito que é uma proposta de grande apelo, porque muita gente não paga Imposto de Renda e tem muita renda anual. E muita gente que ganha até R$ 5.000 paga Imposto de Renda na fonte."
Orçamento
Aprovação do Orçamento vai garantir liberdade, avalia Haddad. O ministro voltou a classificar o tema como prioridade do governo para uma "gestão orçamentária mais precisa para atingir os objetivos pretendidos" neste ano.
Ideia é Orçamento às medidas já aprovadas pelo Congresso. A percepção busca garantir uma "flexibilidade" na execução. "Nós não tivemos nos últimos anos e teremos mais liberdade para contingenciar, executar de uma forma mais adequada o Orçamento e fazer projeções em relação aos programas sociais", apontou.
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