Com Selic prestes a subir, vale a pena fazer financiamento imobiliário?
O esperado aumento da taxa Selic em mais 2 pontos percentuais nas próximas reuniões do Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central podem provocar uma "corrida" para fechamento de novos negócios imobiliários. Porém, para um economista ouvido pelo UOL, é um momento apenas de "atenção".
O que aconteceu
Ao aumentar a Selic para 12,25% ao ano, no final de 2024, o Banco Central sinalizou mais dois possíveis aumentos de 1 p.p. nas próximas duas reuniões. Se isso acontecer, a taxa básica de juros do país pode chegar a 14,25% ao ano.
Banco Central argumenta que o aumento da taxa de juros é medida de controle da inflação. A Selic influencia todas as taxas de juros do país, como as taxas de juros dos empréstimos, dos financiamentos e das aplicações financeiras.
É difícil fugir do juro mais alto em qualquer contrato
Aumento da Selic requer atenção e não é necessário "sair correndo" para quitar financiamentos. Para Sidney Lima, economista da Ouro Preto Investimentos, a possível alta da Selic pode encarecer financiamentos imobiliários futuros, especialmente aqueles com taxas pós-fixadas.
Taxas de juros oferecidas pelos bancos podem aumentar, encarecendo o valor total financiado. O economista dá um exemplo: um aumento de 2 p.p. nos juros anuais pode representar uma diferença significativa no valor das parcelas e no custo total da dívida.
A decisão de fechar um financiamento deve ser baseada em uma análise detalhada do perfil financeiro, das condições do contrato e do objetivo da compra.
Sidney Lima, economista da Ouro Preto Investimentos
Financiamento imobiliário com correção pelo rendimento da Poupança é mais uma linha de crédito que alguns bancos oferecem para o crédito imobiliário. Ela acompanha a Selic, ou seja, nessa modalidade os juros são compostos por uma parte fixa, mais uma parte variável, atrelada com o rendimento da poupança.
Quando a Selic passa de 8,5% ao ano, a poupança passa a render um valor fixo que é 6,17% a.a. Portanto, a taxa de juros com rendimento da Poupança será formada com a variável de 6,17% + o valor fixo + Taxa de Referência (TR).
Após reajuste neste ano, juros da linha de crédito corrigida pela Taxa Referencial (TR) subiram para TR mais 10,99% a 12% ao ano. O diretor do Conselho Regional de Corretores de Imóveis do Estado de São Paulo (Crecisp), José Augusto Viana Neto, considera "a notícia ruim que o setor estava aguardando". Até o fim de 2024, as taxas estavam em TR mais 8,99% a 9,99%.
Com juros mais altos, o valor máximo de crédito aprovado pode diminuir. "Juros elevados podem esfriar o mercado, reduzindo a demanda e pressionando os preços dos imóveis para baixo no médio prazo", acrescenta Lima. "E aí o interessado não vai conseguir o financiamento porque ele não encaixa mais no orçamento", complementa Viana Neto.
Contratos atrelados a índices como a TR ou IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) podem sofrer reajustes nas parcelas à medida que a Selic sobe. Segundo Sidney Lima, isso pode tornar o financiamento mais caro ao longo do tempo.
Em contratos com parte da taxa fixa e parte variável, a porção variável será impactada pelo aumento da Selic, também resultando em elevação das parcelas. Já os contratos com taxa fixa não sofrem alteração.
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