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Fracassa esforço da China para eliminar excesso de aço

Bloomberg News

27/09/2016 12h40

(Bloomberg) -- Parece que a China não consegue deixar de produzir mais aço do que o mundo precisa.

Depois de o governo informar em fevereiro que reduziria a capacidade de produção em até 13 por cento, a recuperação dos preços, que estavam no patamar mais baixo em 12 anos, foi tentação demais no país que fornece metade do aço do mundo. Embora a alta tenha sido provocada pelas expectativas de oferta menor, a melhora das margens de lucro que veio junto estimulou a reativação de usinas que estavam paradas. A produção aumentou em 2016 e bateu recorde.

O fracasso em cumprir a meta de redução da capacidade -- em 150 milhões de toneladas nos próximos cinco anos - é sinônimo de problema para o setor que sofreu prejuízos generalizados em 2015. As exportações chinesas estão perto dos maiores níveis em registro e órgãos reguladores nos EUA, Europa e Índia estão impondo tarifas punitivas para proteger seus mercados domésticos. Como a maioria das produtoras chinesas pertence a governos locais, siderúrgicas pouco competitivas conhecidas como zumbis continuam sendo um peso para a economia do país.

"É provável que as reduções de capacidade não sejam significativas neste ano", disse Zhao Chaoyue, analista da China Merchants Futures em Shenzhen, em entrevista por telefone na semana passada. "As siderúrgicas continuam ganhando dinheiro e as taxas de utilização estão altas. Se o governo impuser controles mais rígidos e permitir o fechamento de parte da capacidade rentável, talvez comecemos a ver maior progresso nos próximos anos."

Em atraso

Por enquanto, as tentativas de reforma estão atrasadas. A meta para este ano era um corte de 45 milhões de toneladas. Mas, até o fim de julho, as reduções somavam 21 milhões, de acordo com a Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma, gerando pressão para acelerar os esforços. Algumas produtoras relutaram em fechar usinas porque a alta dos preços neste ano elevou os lucros em mais de 50 por cento, de acordo com a Bloomberg Intelligence.

Nos primeiros oito meses de 2016, as siderúrgicas chinesas produziram 536 milhões de toneladas, apenas 0,1 por cento a menos que no mesmo período do ano anterior, segundo dados oficiais. Em junho, a produção diária das siderúrgicas era maior que nunca. De acordo com os dados, a produção mensal média foi de 67,04 milhões de toneladas no ano até agosto. Se persistir, essa será a média mais alta desde o recorde de 68,56 milhões registrado em 2014.

"Como algumas das siderúrgicas estão vendo os lucros se recuperarem, elas começam a aumentar a produção", o que prejudica as iniciativas do governo para reduzir o excesso, afirmou Xiao Fu, estrategista-chefe de commodities do Bank of China International em Londres.