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Parente promete manter preços da Petrobras de acordo com os do exterior

Sabrina Valle e Peter Millard

10/10/2016 12h56Atualizada em 10/10/2016 17h00

(Bloomberg) -- A Petrobras se prepara para anunciar uma política doméstica para os combustíveis que evitará os custosos subsídios que drenaram os lucros da empresa no governo anterior, disse o presidente da petroleira, Pedro Parente, em entrevista.

A Petrobras, que não reajusta os preços da gasolina e do diesel há mais de um ano, fixará os preços em paridade ou acima dos níveis internacionais, disse Parente, na sexta-feira (7), em entrevista na sede da Bloomberg em Nova York.

A empresa planeja efetuar mudanças mais frequentes em fatores como preços internacionais, taxa de câmbio e participação de mercado, disse ele.

De agora em diante, a Petrobras apenas se beneficiará, e não mais perderá, com a diferença entre os preços praticados no Brasil e no mercado internacional, disse Parente.

Embora planeje manter os preços no Brasil acima dos níveis internacionais, a Petrobras não anunciará uma fórmula específica para gerar aumentos ou quedas automáticas, disse Parente.

A empresa comercializa gasolina e diesel com ágio há quase dois anos, o que a ajudou a recuperar um total estimado de US$ 35 bilhões perdido com subsídios às importações entre 2011 e o fim de 2014, durante o boom das commodities.

A perspectiva para os preços foi uma das principais dúvidas levantadas pelos investidores no roadshow realizado neste mês, disse Parente. Ele acrescentou que a Petrobras já não permitirá que o governo determine decisões corporativas. "Não devemos ser um braço do governo para controle da inflação."

Mais concorrência

Embora mantenha um virtual monopólio sobre o refino no Brasil e a maior infraestrutura de importação, a Petrobras, que tem sede no Rio de Janeiro, viu a concorrência aumentar à medida que o negócio se tornou mais rentável. A rede de postos de combustíveis da empresa registrou queda de participação de mercado nos últimos anos.

"Participação de mercado é algo muito importante", disse Parente.

Os brasileiros estão consumindo menos combustível em meio à recessão de dois anos, a mais profunda da história, e redes de postos de combustíveis concorrentes como a Ipiranga, unidade da Ultrapar Participações, e a Raizen, joint venture entre a Royal Dutch Shell e a Cosan, aumentaram as importações de combustíveis para capturar esses ganhos.

No primeiro semestre de 2016 as importações de diesel da Petrobras caíram 81% em relação ao mesmo período do ano anterior, segundo os resultados financeiros da empresa no segundo trimestre.

A clareza sobre os preços ajudará a Petrobras a encontrar parceiros para expandir sua rede de refino no Brasil, disse Parente. Isso reduzirá a carga da empresa no tocante aos investimentos e o fato de contar com parceiros adicionais tornará mais difícil que os futuros governos exerçam pressão para que a empresa venda combustível abaixo do custo, disse ele.

"Só por ter parceiros seria difícil ter influência externa", disse Parente.