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Startup usa minicâmeras para monitorar cérebros de animais

Caroline Chen e Ellen Huet

19/04/2017 12h29

(Bloomberg) -- Em um laboratório sem janelas, um rato exposto a luzes brancas arranha a base de sua gaiola. Ele não parece perturbado pela câmera em miniatura fixada em sua cabeça e presa a um cabo.

O experimento foi realizado no Vale do Silício, nos laboratórios da Inscopix, uma startup que está monitorando a atividade cerebral dos animais ao longo de suas vidas cotidianas com a esperança de reunir ideias úteis dos dados. O objetivo é vender os microscópios cerebrais a pesquisas e a grandes farmacêuticas para ajudar nas pesquisas a respeito de quais neurônios são responsáveis pela fome, pela tomada de decisões, pelo aprendizado, pelo medo ou pelos problemas de saúde.

A Inscopix é o tema do mais recente episódio da Ventures, uma série em vídeo da Bloomberg Technology sobre startups. O microscópio da companhia preenche uma lacuna das ferramentas de pesquisa atuais, entre as máquinas de imagens de grande escala, como as de ressonância magnética, e os eletrodos capazes de monitorar apenas um único neurônio por vez. A capacidade de entender o comportamento das regiões do cérebro e de comparar células saudáveis e doentes pode ajudar os pesquisadores no desenvolvimento de tratamentos para Alzheimer, Parkinson e outras doenças. Vídeos capturados pelas câmeras têm permitido aos cientistas observar padrões de sinais cerebrais que equivalem ao canto das aves canoras e ver o acúmulo de atividade elétrica antes de um ataque epilético.

A startup informou que captou US$ 10 milhões em financiamento e que conseguiu negócios com empresas farmacêuticas como Pfizer e Johnson & Johnson, além de 200 laboratórios acadêmicos. O custo do kit, entre US$ 60.000 e US$ 100.000, pode ser proibitivo para laboratórios menores.

Kunal Ghosh, cofundador e CEO da Inscopix, espera expandir os negócios rapidamente além dos cérebros de ratos e pássaros. "Não é loucura dizer que se pudermos ler dados do cérebro humano -- algo no qual já estamos trabalhando --, poderemos pegar essa tecnologia e, espera-se, usá-la com uma finalidade positiva para melhorar certas funções do cérebro", disse ele.