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Ele enterrou Lehman e agora quer salvar trading de commodities

Jack Farchy

15/05/2017 15h02

(Bloomberg) -- Os investidores da Noble Group bateram em retirada. A corretora de commodities recorreu a um sujeito que tem no currículo os nomes de algumas das empresas que quebraram mais espetacularmente na Ásia.

O britânico Paul Brough já foi executivo da KPMG e, na semana passada, foi nomeado presidente do conselho da Noble. Veterano de reestruturações em Hong Kong, ele já liquidou os ativos do Lehman Brothers na Ásia, administrou o que restou da falência da empresa agrícola Sino-Forest e reestruturou a fabricante de farinha de peixe China Fishery Group.

Ressuscitar a Noble Group não será fácil, após dois anos de queda dos preços das commodities, prejuízos, aumento da dívida e acusações de contabilidade imprópria. O valor de mercado da corretora desabou de mais de US$ 10 bilhões em 2010 para menos de US$ 600 milhões.

"A situação da Noble é precária: problemas com negociação de ativos, enxugamento de liquidez e disparada dos custos de liquidez", disse Jean-François Lambert, consultor que já foi responsável global por financiamento de negócios com commodities do HSBC Holdings. "É claramente insustentável."

A cotação das ações caiu mais da metade desde o início da semana passada para o menor nível em mais de 15 anos. Os títulos de dívida com vencimento em 2020 perderam 50 por cento do valor e o rendimento atingiu 40 por cento nesta segunda-feira.

A situação da Noble não é tão desesperadora quanto a de outras empresas nas quais Brough já trabalhou. No fim do primeiro trimestre, a firma tinha quase US$ 1,5 bilhão no caixa e, na semana passada, avisou que tinha o suficiente para cobrir as dívidas que vencem no mês que vem.

Brough, 60 anos, tem atuado como diretor não executivo da Noble desde 2015.

"Eu não vim para a Noble para conduzir uma reestruturação no momento", disse Brough. "Eu não entrei no conselho há dois anos como especialista em reestruturação. Neste momento, só me preocupo em conduzir a revisão estratégica."

Também estão sendo discutidos a venda adicional de ativos e o fechamento de divisões que não podem ser financiadas por causa da escassez de crédito. Existe ainda a possibilidade de aparecer um novo investidor que injete capital no negócio, segundo uma pessoa a par das conversas, que pediu anonimato.

No passado, a Noble entrou em negociações com a chinesa Sinochem Group. O fundo soberano da China já é um dos maiores acionistas da Noble. Brough se recusou a falar sobre a possibilidade de um acordo.

Brough se mudou para Hong Kong em 1983 para trabalhar na KPMG. Em 2001, assumiu a divisão de transações e reestruturações da gigante de contabilidade na região Ásia-Pacífico. A partir daí, passou a solucionar alguns dos fracassos corporativos mais notáveis ? e polêmicos ? da região.

Ele já trabalhou em "mais de 30 missões de reestruturação e insolvência em Hong Kong e na China", de acordo com uma biografia dele publicada por uma unidade da Sino-Forest. Brough também fez parte da equipe que trabalhou ininterruptamente para garantir a venda da divisão asiática do Lehman para a Nomura em 2008.