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Traders de commodities lamentam que hoje todos saibam de tudo

Serene Cheong, Dan Murtaugh e Sharon Cho

22/05/2017 13h05

(Bloomberg) -- Para os traders de commodities que trabalham na Era da Informação, já não basta fazer o mesmo de sempre.

Ao contrário da bolsa de valores, em que as transações normalmente se baseiam em informações públicas, as firmas que compram e vendem matérias-primas prosperaram durante décadas em um mundo obscuro onde as atividades dependiam de conhecimentos compartilhados por poucos. Hoje, o desenvolvimento tecnológico, a expansão das fontes de informações, a maior sofisticação de produtores e consumidores e a transparência em torno das transações estão acabando com sua vantagem.

"Tudo é transparente, todo mundo sabe de tudo e tem acesso à informação", disse Daniel Jaeggi, presidente da Mercuria Energy Group, na quinta-feira na Global Trader Summit, organizada pela IE Singapore, uma agência governamental que fomenta o comércio internacional.

Em um painel sobre "O futuro do comércio de commodity: impulsos, perturbações e oportunidades", sentava-se a seu lado Sunny Verghese, CEO da trader de alimentos Olam International, que lamentava o declínio das margens. "Consumidores e produtores estão tentando roubar nosso ganha-pão, por isso precisamos nos diferenciar de maneira inteligente", disse ele.

Como os participantes do mercado passam a ter mais informações, os traders enfatizaram a necessidade de fazer algo mais que simplesmente comprar e vender commodities, porque os lucros obtidos com a mediação ? ou seja, com o diferencial entre os preços ? estão diminuindo. Isso significa se envolver na cadeia de abastecimento, possivelmente comprando infraestrutura fundamental para a produção e distribuição de matérias-primas, e também fornecendo financiamento para o desenvolvimento desses ativos.

Operações complexas

A Mercuria, por exemplo, está reunindo recursos de suas equipes de finanças corporativas, capital de risco, gestão de risco e assuntos jurídicos para realizar "operações mais complexas, como estruturas", de acordo com Jaeggi. Quando os preços do petróleo despencaram em 2014 e 2015, a empresa direcionou fundos aos produtores de xisto dos EUA para o desenvolvimento de oleodutos em troca de cargas porque o acesso ao capital e às ações diminuía, disse ele.

Kho Hui Meng, diretor do braço da Vitol na Ásia, disse no evento em Cingapura que será crucial considerar o possível impacto do surgimento dos veículos elétricos e como isso poderia ameaçar o domínio da gasolina como combustível para o transporte. Talvez os traders precisem "garantir seus próprios pontos de venda cativos" para a gasolina a fim de suportar um possível excesso de oferta, disse ele.

A Mercuria e a Vitol veem oportunidades no setor mundial de transporte marítimo antes da implementação de novos padrões de combustível. A partir de 2020, todos os navios-petroleiros e as embarcações de carga serão obrigados a usar combustível com menos enxofre, de acordo com novas normas ambientais estipuladas pela Organização Marítima Internacional.

"Isso vai acontecer muito em breve, e as pessoas não estão preparadas", disse Kho, da Vitol. "O setor, em ambos os extremos, só faz falar e torcer para que nunca aconteça. Acho que isso representa uma enorme oportunidade, caso você consiga se posicionar bem para isso."