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Café da manhã britânico ficará mais caro após Brexit

Jill Ward e Hayley Warren

10/07/2017 10h35

(Bloomberg) -- O lendário banquete matinal do Reino Unido pode ser uma metáfora perfeita a respeito de como o Brexit tornará a vida dos britânicos mais cara.

Políticos como o primeiro-ministro escocês, Nicola Sturgeon, e o líder do Partido Trabalhista, Jeremy Corbyn, que confundiram "Brexit" com "breakfast" ("café da manhã"), podem ter descoberto algo que vai além do erro fonético. Em última análise, a saída do Reino Unido da União Europeia afeta o café da manhã servido quente no prato, segundo análise da KPMG.

Os consumidores britânicos podem ver o preço do chamado fry-up -- um clássico café da manhã inglês com ingredientes como bacon, salsicha, suco de laranja, feijão cozido e cogumelos -- subir quase 13 por cento. As tarifas elevariam o custo das importações de muitos produtos básicos do café da manhã segundo as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC) se o Reino Unido deixar o bloco sem um acordo de livre comércio ou um acordo de transição em vigor.

Passou um ano desde que o Reino Unido decidiu em referendo pela saída da UE, mas o mantra da primeira-ministra Theresa May de que "Brexit significa Brexit" não ajudou a esclarecer como será a relação futura com o bloco. May tem até março de 2019 para garantir um acordo com os líderes europeus e as negociações tiveram um início conturbado. O negociador-chefe da UE, Michel Barnier, alertou na semana passada que não será possível ter uma relação comercial "sem atritos".

O suco de laranja e o azeite de oliva da Espanha e da Itália provavelmente terão os maiores aumentos de preços, de 34 por cento e 30 por cento, respectivamente, segundo o relatório.

Independentemente do acordo comercial que o Reino Unido fechar futuramente, as famílias já experimentam um aperto porque a desvalorização da libra desde o referendo do Brexit eleva o custo de todas as importações, de roupas a computadores. A expansão econômica está começando a esfriar e o crescimento salarial não consegue acompanhar a inflação.

"Nossa análise nem sequer reflete os custos elevados que consumidores e comerciantes enfrentam como resultado da desvalorização da libra esterlina ou dos custos de quaisquer novas barreiras não-tarifárias", disse Bob Jones, diretor da KPMG.