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Comprador do ouro foge um mês após aposta mais otimista de 2017

Joe Deaux

10/07/2017 10h31

(Bloomberg) -- Há um mês, os gestores de recursos mostravam o maior otimismo em relação ao ouro neste ano. Agora, não conseguem se livrar dos lingotes com rapidez suficiente.

As posições líquidas dos hedge funds, ou a diferença entre as apostas no aumento e na queda dos preços, caíram na semana passada em mais da metade, na maior redução desde 2015. Os produtos negociados em bolsa lastreados por metais preciosos viram saídas de dinheiro nos últimos 30 dias, enquanto a maioria dos outros fundos de commodities captaram mais dinheiro dos investidores. O total de ativos no SPDR Gold Shares, o maior ETF de lingotes do mundo, atingiu na semana passada o menor nível desde março.

Mesmo com sinais de escalada das tensões geopolíticas -- que muitas vezes impulsionam a compra de ouro como refúgio --, os preços, que em junho atingiram o maior valor em quase sete meses, agora caíram por cinco semanas seguidas, maior declínio do ano. Os investidores estão indo embora em parte porque o Federal Reserve e outros bancos centrais estão indicando mais aumentos nas taxas de juros, o que pode limitar o apelo do ouro, porque o metal não paga nenhum juro.

"Eu tenho dificuldade para fazer uma defesa particularmente otimista do ouro", disse Rob Haworth, estrategista sênior de investimentos da U.S. Bank Wealth Management, que supervisiona US$ 145 bilhões em ativos. "Acreditamos que o Fed está a caminho e continuará elevando o juro, e acho que isso coloca um limite para o ouro."

A posição líquida em futuros e opções do ouro caiu 51 por cento, para 37.776 contratos, no período de uma semana encerrado em 3 de julho, segundo dados da Comissão de Negociação de Futuros de Commodities dos EUA (CFTC, na sigla em inglês) divulgados quatro dias depois. Esta foi a posição menos otimista desde janeiro. Em 6 de junho, as posições estavam em 174.658, maior total desde novembro. As posições vendidas, ou seja, as apostas na queda dos preços, subiram 31 por cento, atingindo o patamar mais elevado desde janeiro de 2016.

Os preços subiram 7,9 por cento no primeiro semestre do ano em meio ao crescimento econômico desigual nos EUA e a tensões geopolíticas como o Brexit e as eleições francesas. O metal também foi impulsionado pela especulação de que os bancos centrais do mundo estariam prontos para respaldar o crescimento econômico.

O BNP Paribas, que liderou os rankings da Bloomberg de precisão sobre o ouro no segundo trimestre, afirma que haverá mais perdas pela frente. Harry Tchilinguirian, chefe de estratégia dos mercados de commodities do BNP em Londres, prevê que o lingote cairá para US$ 1.165 no quarto trimestre, em parte devido à iniciativa do Fed de elevar o juro.

--Com a colaboração de Ranjeetha Pakiam

Versão em português: Patricia Xavier em Sao Paulo, pbernardino1@bloomberg.net.

Repórter da matéria original: Joe Deaux em Nova York, jdeaux@bloomberg.net.